quinta-feira, 19 de junho de 2014

Vocês se lembram? / Policiais Militares consideram performance artística um crime contra o patrimônio público (2011).



A polícia Militar do estado de São Paulo deu um exemplo claro de como o Estado brasileiro ainda é regido pela égide de um regime militar herdado dos colaboradores do golpe de 1964. Um artista faz uma performance utilizando um instrumento análogo a uma arma com uma flor no cano. O cidadão usava um pano para cobrir o rosto e estava em cima de um orelhão da empresa de telefonia “Telefonica.” O cidadão é derrubado do orelhão por um dos policiais e imediatamente retira sua mascara e de cara limpa questiona os policiais as razões de estar sendo impedido de se manifestar. Os conservadores simpatizantes da ação policial podem alegar que ele estava depredando patrimônio publico, o que não condiz com a realidade. O patrimônio pertence a uma empresa privada - o que não vem ao caso, pois é patrimonio de alguém - e não foi depredado.  Isso sem contar o clichê da falta de educação dos policiais ao conversar com os populares. O ato ocorreu no dia 30 de abril de 2011, mas não parece ter perdido sua validade.

Leia abaixo uma transcrição do dialogo entre o policial e o arista:
Ao ser derrubado pelo policial:

Artista: “Eu não sou protestante, eu sou um artista e um cidadão que tem direitos que você está desrespeitando como policial.
Policial: “Qual é o seu direito?”
Artista: “O meu direito é ir e vire, meu direito é me expressar e expressar como eu quero..
Policial: “Se expressa em casa então..”
Artista: “Não, por quê? Quem determina o lugar é você?
Policial: “Sim”
Artista: “Não, não é você que determina você me serve, você me serve como policial, você é pago para servir todos aqui ao seu redor, como todos estamos reunidos aqui. Vamos fazer o seguinte, como estamos conversando. Não queira me levar numa salinha onde você tem um abuso de autoridade sobre mim, onde as pessoas não têm o olhar sobre mim, sobre aquilo que você realmente gostaria de fazer, ta?


Artista mostrando a lei par aos policiais.
Acho importante as pessoas se manifestarem a esse respeito, eu tenho grandes amigos policiais militares e respeito suas carreiras, mas acho que uma sociedade que preze pela liberdade de expressão, não deve ostentar agentes de segurança pública que se escondem atrás de distintivos e divisas militares. Isso é no mínimo antiético com uma população civil -  mas essa discussão fica para outro artigo que estou preparando.

No entanto ainda acho de vital importância para esse artigo que já se tornou demasiado grande que o ato de protesto desse individuo visa por em cheque a chamada Operação Delegada, que autoriza a Polícia Militar a reprimir a atividade de artistas que não possuam alvará para exercê-la, por equipá-la-á a uma atividade comercial. É bom que se esclareça que essa medida foi tomada em um convenio entre o  governo do estado e a prefeitura de São Paulo, e que segundo o artista – e qualquer outra pessoa de bom senso – é anticonstitucional - e por que não dizer, nazista. Artistas de rua de todos os tipos vem sendo reprimidos pelos policias que conta com a ajuda de policiais de folga. Se o PM interessado for praça, recebe R$ 12,33 por hora trabalhada na operação; se for oficial, a remuneração extra é de R$ 16,45 por hora. Antes, apenas guardas civis metropolitanos podiam realizar esse tipo de fiscalização.
fontes:


Assista a ação policial na integra gravada pelo celular de um dos presentes:






André Stanley alcunha de André Luiz Ribeiro é professor e escritor; autor do livro “O Cadáver” (Editora Multifoco – 2013); presidiu o Centro acadêmico do curso de História no UNIFEG em 2007, é membro efetivo da Ass. Dos Historiadores e pesquisadores dos Sertões do Jacuhy desde 2004. Atua hoje como professor e pesquisador de História Cultural. Também leciona língua inglesa, idioma que domina desde a adolescência

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