sábado, 21 de fevereiro de 2015

Cama de Gato: um retrato da juventude burguesa brasileira

Analisando "Cama de Gato" de Alexandre Stockler




Direção: Alexandre Stockler
Roteiro: Alexandre Stockler
Elenco: Caio Blat, Rodrigo Bolzan, Cainan Baladez, Renata Airoldi, Bárbara Paz
Lançado em: 2002
Gênero: Drama
Idioma: Português


Uma obra de impacto imediato, pois abala as estruturas de filmagem convencionais, além de trazer a tona um enredo que nos remete às mais profundas reflexões. Um filme corajoso, no mínimo, que entra nas entranhas da mentalidade da juventude de classe média brasileira, e certamente causará um mal-estar no espectador mais sensível à cenas chocantes. Mal-estar maior sentirão os menos esclarecido a respeito desta juventude que se lança por aí em aventuras, no mínimo, contraditórias. Os pais destes jovens querem desconhecer o que se passa com seus filhos. Parecem anos luz de distância dos atos que estes praticam, só sabem que devem protege-los desta sociedade desigual em que vivemos. Basta encaminhar estes futuros advogados, publicitários, médicos para uma "vida pública correta", independente do que estes por sua vez fazem nas noites de São Paulo ou qualquer outra capital brasileira. O que vemos no decorrer do filme é uma certa ruptura com a geração anterior, que viveu o movimento hippie, o aparecimento brusco dos punks dentre outras manifestações como estas, como é demonstrado pela fala de um dos personagens do filme, o jovem Gabriel, que diz: " não é mole ter nascido depois de toda aquela liberação dos anos 70; ter crescido enquanto os "darks" e o "punks" estavam mandando ver por aí, e chegar na nossa idade justamente quando não sobrou mais nada ... a não ser essa sensação de que antes ... as pessoas conseguiam fazer alguma coisa mesmo..." . Este jovem parece estar desprovido de qualquer atitude no sentido de mudar algo, apesar de ter consciência de que algo precisa ser feito. 

Este pensamento parece representar toda a classe média-alta brasileira. Estão munidos de um bom elemento teórico, mas não abrem mão de seus privilégios, e estão temerosos com uma possível auto-destruição do sistema que mantém seus privilégios. O diretor Alexandre stockler parece querer generalizar estes jovens se utilizando de fatos que chocaram a sociedade atualmente. Como por exemplo, o caso do índio queimado por jovens de classe média-alta em Brasília. O que redime o diretor neste sentido foi a utilização de entrevistas reais com jovens que ainda não haviam assistido ao filme, os entrevistados parecem confirmar as táticas utilizadas pelos personagens da trama. 


Estes jovens parecem ser o paradigma do sistema capitalista. De cada crise que conseguem se safar se torna o epílogo de uma maior ainda. Não haveria nome melhor para este filme. Se você conseguir passar pela cena de estrupo sem fechar os olhos, conseguirá no mínimo pensar a respeito. Este é o mérito maior do filme. Não vamos ficar inseridos naquele "complexo de porno-chanchada" de que todo filme brasileiro deve ter uma cena de sexo que o defina como tal, "filme brasileiro é só putaria", coisas deste tipo não devem ser associadas a esta obra crítica e muito reflexiva. É importante que este filme chegue até os universitários e ao ensino médio, para deixarmos de lada muitas de nossas hipocrisias. 



Assista o trailer:




André Stanley alcunha de André Luiz Ribeiro é professor e escritor; autor do livro O Cadáver” (Editora Multifoco – 2013). Atua hoje como professor e pesquisador de História Cultural. Também leciona língua inglesa, idioma que domina desde a adolescência, Administra e escreve para os blogs: Blog do André Stanley (blogdoandrestanley.blogspot.com) – Sobre História, política, arte, religião, humor e assuntos diversos e Stanley Personal Teacher (stanleypersonalteacher.blogspot.com) onde da dicas de Inglês e posta atividades para todos os níveis.

Um comentário:

  1. Belíssima Dica de Filme, vou Assistir !!

    Valeu Mesmo !!

    Daniel do Site: http://fazerdinheiroonline.net.br

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