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Imagem André Stanley |
Ficha técnica:
Título:A Nascente
Autor (a): Ayn
Rand
Editora: Arqueiro
País de
origem: EUA
Título
original: The
Fountainhead
Ano de
Lançado: 1943
Gênero: Romance
Americano/Ficção
A Nascente
é um livro muito influente nos EUA. Foi publicado em 1943 e trata-se do segundo
romance escrito pela autora russa naturalizada americana, Ayn Rand. Não há nada
essencial que o possa diferenciar dos mais populares romances americanos dessa
mesma época. A história é narrada em terceira pessoa, sendo que muitos diálogos
são utilizados para demostrar o relacionamento de repulsa e atração entre os
diversos personagens da obra. Obedece ao rigor da ordem cronológica dos fatos,
com algumas reminiscências de alguns personagens. Se há algum diferencial no
livro não está na sua estrutura formal, mas sim no enredo que é propositalmente
muito detalhado e é possível notar o peso ideológico da autora, que era
graduada em filosofia, a cada acontecimento. A história parece demonstrar ao
leitor, de uma forma quase pedagógica, como seria o homem ideal, como
deveríamos proceder para atingir nossos objetivos pessoais de uma forma
totalmente egoísta deixando de lado qualquer manifestação de altruísmo que
possamos cultivar influenciados por familiares, religiões ou outras
instituições. Trata-se do cerne da filosofia da autora que foi batizada pela
própria de “Objetivismo. ” Ou seja, é quase um livro didático demonstrando como
viver nesse mundo. Um tipo de autoajuda para os empreendedores de sua época.
O
protagonista parece acumular todas as virtudes apreciadas pela autora, como o
desapego as construções abstratas criadas pela sociedade, o compromisso com seu
ideal acima de tudo e como já foi dito, o egoísmo exacerbado que para a autora
é preferível a um altruísmo inútil.
Há
personagens bem caricatos, como Ellsworth Toohey, que encerra nitidamente em si
uma opressão socialista que a própria autora sofreu enquanto vivia na antiga
União Soviética. Temos também Dominique Francon, uma jornalista que nunca perde
um debate. São personagens bem rasos e por isso nunca notamos uma mudança de
perfil psicológicos neles. Talvez com exceção de Keatting que é um dos
arquitetos que protagonizam a história. Sofre com perdas e com arrependimentos,
e assim podemos notar uma profundidade maior em suas atitudes, no entanto ele é
o típico personagem apático que parece representar a maior parte da sociedade
dominada pelas escolhas alheias. Os outros são basicamente perfis psicológicos
imutáveis que ilustram a forma de ver a vida da autora filosofa.
O fato de os personagens serem muito rasos pode estar, segundo alguns analistas, no fato de Ayn Rand tê-los elaborado a partir de personagens de filmes pastelões da sua época. Ayn Rand era muito próxima da indústria cinematográfica e tentou fazer carreira como roteirista e até atriz. Ela própria escreveu o roteiro cinematográfico dessa obra quando foi levada ao cinema em 1949. Mas foi na literatura que ela se tornou conhecida.
Ou seja, um
romance que demonstra muito do pensamento de direita americano, de livre
mercado e de “faça como deve ser feito, não como querem que você faça”, no entanto,
há elementos que não nos deixa simplesmente taxa-la de conservadora extremista,
como sempre temos a impressão de ser. A mulher na obra de Rand, por exemplo,
tem papel fundamental e não é um simples adorno romântico aos dramas do homem.
Dominique Francon é o tipo de mulher que a autora imagina para uma sociedade
melhor e libertária. Ela debate com os intelectuais, aprecia arte moderna, não
acredita no amor romântico, se entrega a quem lhe dá prazer e age com escarnio
a quem lhe tenta mostrar um manual de bom comportamento. Uma mulher
insuportável para uma sociedade machista, isso na primeira metade do século XX.
Ou seja, Ayn Rand é aquele tipo de personagem que vez ou outra surge para
oxigenar o debate sobre como construir uma sociedade moderna. É direitista, e
vez ou outra é exaltada pelos republicanos, mas repudia elementos da própria
direita cristã ao defender o ateísmo e a liberdade feminina. E essa obra
reflete perfeitamente toda essa contradição ideológica, através do antagonismo
vivido pelos arquitetos Keating e Roark. A autora busca discutir as desavenças
entre o coletivo e o individual, criando um mundo onde o coletivo já nasce
derrotado.
Um ponto
positivo da obra fica por conta das mudanças em curso no campo da arquitetura
do século XX que vinha deixando as formas clássicas de construção para uma
forma mais pragmática, onde o uso do espaço de forma mais prática passou a ser
o carro chefe, ao invés de elementos simplesmente estéticos. Essa mudança na
mentalidade dos arquitetos é bem exemplificada na obra. Podemos notar que a
autora fez um árduo trabalho de pesquisa sobre arquitetura para compor esse
livro.
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Ayn Rand |
Veja mais sobre Ayn Rand aqui http://carlosliliane64.wixsite.com/magiaeseriados/o-materialismo
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