Se hoje as grandes metrópoles do
mundo sofrem de transito lento, não devemos subtrair as seguintes
considerações:
1- Essa doença grave é – grosso modo –
fruto do individualismo crescente do homem.
2- Só podemos encontrar a cura para essa
doença ao amenizarmos esse individualismo.
Hoje a facilidade para comparar um carro é muito grande – mesmo em
tempos de crise – qualquer operário com um emprego mais ou menos estável é
capaz de financiar um veículo. Mas há algo de mais monstruoso por trás disso.
As grandes fábricas de automóvel abastecem o mercado constantemente e faturam
muita grana. Cada cidadão é um comprador em potencial. Mesmo aqueles que já
possuem carro, podem ter o luxo de comprar outro para sair nos finais de
semana, ou um só para viajar, outro só para andar na cidade. São coisas da vida
moderna, se pode ter dois ou três carros, por que ter apenas um?
O que ninguém pensa afinal – por um tipo
de doença maior que chamo de atrofia do pensar - é como uma cidade pode
suportar tantos veículos transitando ao mesmo tempo. Imagine se cada habitante
da Grande São Paulo- a maior cidade da América Latina – possuísse um carro.
Nessa conta 1X 1, a cidade estaria parada. Mas é exatamente essa a conta que as
grandes fábricas de veículos do mundo tentam ampliar. Se você não tem um carro,
não se preocupe, daremos um jeito para você ter um. Caso você já tenha um, é
melhor comprar outro para a esposa, assim você não vai precisar esperar ela
chegar do cabeleireiro, para você jogar futebol aos domingos. E se teu filho já
tem 18 anos – em breve 16 anos – compre um carro para ele também, assim ele não
vai ficar te importunando todo dia para sair com a namorada. Dessa forma você
terá uma vida muito mais independente.
carro é um artefato básico, se tornou socialmente
uma necessidade primária, antes de ter uma casa
é melhor que eu tenha um carro
Não é muito difícil fazer propaganda de veículos, pois esse é um produto
sonhado por cada um dos cidadãos, desde o mendigo até o filho do milionário, um
carro é um artefato básico, se tornou socialmente uma necessidade primária,
antes de ter uma casa é melhor que eu tenha um carro. Isso porque a liberdade
que ele nos proporciona é muito grande. Com um carro podemos ir onde quisermos
– ou onde o dinheiro puder abastecer – podemos dizer aos amigos: “eu agora
posso levar minha gata ao cinema” – mesmo que isso seja apenas uma metáfora –
ou mostrar o quanto seu carro é mais importante que seu intelecto.
Falo de liberdade, pois um carro é algo que te
pertence, algo que você define que direção tomar. Ele não esta em cima de um
trilho, ou sendo alimentado por um cabo elétrico. Por isso é um automóvel.
Por outro lado chegará o dia em que
nossa necessidade de nos tornarmos independentes tirará de nós o sacro direito
de ir e vir. Os grandes centros urbanos estão se tornando intransitáveis,
devido obviamente ao excesso de veículos transitando ao mesmo tempo.
Qual será a solução para tudo isso?
Os mais otimistas conseguem enxergar uma solução. Mas acredito que a única
solução que restará dentro de muito em breve será a o sacrifício da liberdade
de ser independente.
O autor permite a reprodução desse artigo contanto que lhe seja creditada o devido crédito de autoria.
André Stanley
André Stanley é professor e escritor; autor do livro “O Cadáver”; presidiu o Centro acadêmico do curso de História no UNIFEG em 2007, é membro efetivo da Ass. Dos Historiadores e pesquisadores dos Sertões do Jacuhy desde 2004. Atua hoje como professor e pesquisador de História. Também leciona língua inglesa idioma que domina desde a adolescência..
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