domingo, 28 de julho de 2013

O carro e perda da liberdade.





          Se hoje as grandes metrópoles do mundo sofrem de transito lento, não devemos subtrair as seguintes considerações:

    1-   Essa doença grave é – grosso modo – fruto do individualismo crescente do homem.
    2-  Só podemos encontrar a cura para essa doença ao amenizarmos esse individualismo.

    Hoje a facilidade para comparar um carro é muito grande – mesmo em tempos de crise – qualquer operário com um emprego mais ou menos estável é capaz de financiar um veículo. Mas há algo de mais monstruoso por trás disso. As grandes fábricas de automóvel abastecem o mercado constantemente e faturam muita grana. Cada cidadão é um comprador em potencial. Mesmo aqueles que já possuem carro, podem ter o luxo de comprar outro para sair nos finais de semana, ou um só para viajar, outro só para andar na cidade. São coisas da vida moderna, se pode ter dois ou três carros, por que ter apenas um?
      O que ninguém pensa afinal – por um tipo de doença maior que chamo de atrofia do pensar - é como uma cidade pode suportar tantos veículos transitando ao mesmo tempo. Imagine se cada habitante da Grande São Paulo- a maior cidade da América Latina – possuísse um carro. Nessa conta 1X 1, a cidade estaria parada. Mas é exatamente essa a conta que as grandes fábricas de veículos do mundo tentam ampliar. Se você não tem um carro, não se preocupe, daremos um jeito para você ter um. Caso você já tenha um, é melhor comprar outro para a esposa, assim você não vai precisar esperar ela chegar do cabeleireiro, para você jogar futebol aos domingos. E se teu filho já tem 18 anos – em breve 16 anos – compre um carro para ele também, assim ele não vai ficar te importunando todo dia para sair com a namorada. Dessa forma você terá uma vida muito mais independente.


carro é um artefato básico, se tornou socialmente 
uma necessidade primária, antes de ter uma casa 
é melhor que eu tenha um carro



     Não é muito difícil fazer propaganda de veículos, pois esse é um produto sonhado por cada um dos cidadãos, desde o mendigo até o filho do milionário, um carro é um artefato básico, se tornou socialmente uma necessidade primária, antes de ter uma casa é melhor que eu tenha um carro. Isso porque a liberdade que ele nos proporciona é muito grande. Com um carro podemos ir onde quisermos – ou onde o dinheiro puder abastecer – podemos dizer aos amigos: “eu agora posso levar minha gata ao cinema” – mesmo que isso seja apenas uma metáfora – ou mostrar o quanto seu carro é mais importante que seu intelecto.
       Falo de liberdade, pois um carro é algo que te pertence, algo que você define que direção tomar. Ele não esta em cima de um trilho, ou sendo alimentado por um cabo elétrico. Por isso é um automóvel.
Por outro lado chegará o dia em que nossa necessidade de nos tornarmos independentes tirará de nós o sacro direito de ir e vir. Os grandes centros urbanos estão se tornando intransitáveis, devido obviamente ao excesso de veículos transitando ao mesmo tempo.

         Qual será a solução para tudo isso? Os mais otimistas conseguem enxergar uma solução. Mas acredito que a única solução que restará dentro de muito em breve será a o sacrifício da liberdade de ser independente.


                                                             


O autor permite a reprodução desse artigo contanto que lhe seja creditada o devido crédito de autoria.



André Stanley 

André Stanley é professor e escritor; autor do livro “O Cadáver”; presidiu o Centro acadêmico do curso de História no UNIFEG em 2007, é membro efetivo da Ass. Dos Historiadores e pesquisadores dos Sertões do Jacuhy desde 2004. Atua hoje como professor e pesquisador de História. Também leciona língua inglesa idioma que domina desde a adolescência..

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