A polícia Militar do estado de São Paulo deu um exemplo
claro de como o Estado brasileiro ainda é regido pela égide de um regime
militar herdado dos colaboradores do golpe de 1964. Um artista faz uma performance utilizando um
instrumento análogo a uma arma com uma flor no cano. O cidadão usava um pano
para cobrir o rosto e estava em cima de um orelhão da empresa de telefonia “Telefonica.”
O cidadão é derrubado do orelhão por um dos policiais e imediatamente retira
sua mascara e de cara limpa questiona os policiais as razões de estar sendo
impedido de se manifestar. Os conservadores simpatizantes da ação policial
podem alegar que ele estava depredando patrimônio publico, o que não condiz com
a realidade. O patrimônio pertence a uma empresa privada - o que não vem ao caso, pois é patrimonio de alguém - e não foi
depredado. Isso sem contar o clichê da
falta de educação dos policiais ao conversar com os populares. O ato ocorreu no dia 30 de abril de 2011, mas não parece ter perdido sua validade.
Leia abaixo uma transcrição do dialogo entre o policial e o
arista:
Ao ser derrubado pelo policial:
Artista: “Eu não sou protestante, eu sou um artista e um
cidadão que tem direitos que você está desrespeitando como policial.
Policial: “Qual é o seu direito?”
Artista: “O meu direito é ir e vire, meu direito é me
expressar e expressar como eu quero..
Policial: “Se expressa em casa então..”
Artista: “Não, por quê? Quem determina o lugar é você?
Policial: “Sim”
Artista: “Não, não é você que determina você me serve, você
me serve como policial, você é pago para servir todos aqui ao seu redor, como
todos estamos reunidos aqui. Vamos fazer o seguinte, como estamos conversando.
Não queira me levar numa salinha onde você tem um abuso de autoridade sobre
mim, onde as pessoas não têm o olhar sobre mim, sobre aquilo que você realmente
gostaria de fazer, ta?
Artista mostrando a lei par aos policiais. |
Acho importante as pessoas se manifestarem a esse respeito,
eu tenho grandes amigos policiais militares e respeito suas carreiras, mas acho
que uma sociedade que preze pela liberdade de expressão, não deve ostentar
agentes de segurança pública que se escondem atrás de distintivos e divisas
militares. Isso é no mínimo antiético com uma população civil - mas essa discussão fica para outro artigo que estou preparando.
No entanto ainda acho de vital importância para esse artigo
que já se tornou demasiado grande que o ato de protesto desse individuo visa
por em cheque a chamada Operação Delegada, que autoriza a Polícia Militar a
reprimir a atividade de artistas que não possuam alvará para exercê-la, por equipá-la-á
a uma atividade comercial. É bom que se esclareça que essa medida foi tomada em um convenio entre o governo do estado e a prefeitura
de São Paulo, e que segundo o artista – e qualquer outra pessoa de bom senso –
é anticonstitucional - e por que não dizer, nazista. Artistas de rua de todos os tipos vem sendo reprimidos pelos policias que conta com a ajuda de policiais de folga. Se o PM interessado for praça, recebe R$ 12,33 por hora trabalhada na operação; se for oficial, a remuneração extra é de R$ 16,45 por hora. Antes, apenas guardas civis metropolitanos podiam realizar esse tipo de fiscalização.
fontes:
Assista a ação policial na integra gravada pelo celular de um dos presentes:
André Stanley alcunha de André Luiz Ribeiro é professor e escritor; autor do livro “O Cadáver” (Editora Multifoco – 2013); presidiu o Centro acadêmico do curso de História no UNIFEG em 2007, é membro efetivo da Ass. Dos Historiadores e pesquisadores dos Sertões do Jacuhy desde 2004. Atua hoje como professor e pesquisador de História Cultural. Também leciona língua inglesa, idioma que domina desde a adolescência
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