Frederic Leighton: O pescador e a sereia, c. 1856-1858 |
A liberdade Guiando o Povo delacroix |
O Romantismo foi um movimento revolucionário que surgiu em um momento histórico muito conturbado e trouxe ao mundo das artes em geral uma nova perspectiva de expressão social. O movimento romântico ilustrava o descontentamento com as formas clássicas e enrijecidas de fazer arte.
Os que depois vieram a ser chamados românticos foram os primeiro a contestar veementemente o conservadorismo artístico que se praticava em sua época. Queriam sair das gaiolas que oprimiam seus sentimentos, dar vazão aos seus sentimentos mais íntimos e mostra que no mundo da imaginação tudo é possível. Foram esses artistas que deram ao individuo um valor robusto e significativo que antes nunca o teve na modernidade. A psicologia moderna deve a esses guerreiros do “eu” sua existência. O romantismo como movimento não só plantou no mundo moderno a semente da subjetividade como contestou ferozmente o reinado racionalista do Iluminismo, trazendo a tona a importância de se alimentar nossas emoções para criar uma obra livre e descompromissada. E se os iluministas queriam explicar a vida através do prisma absoluto da razão, os românticos não viam nenhum alento no mundo que os rodeava, e não se constrangiam a fugir dele para encontrar certa paz no mundo imaginário.
A Idealização da Mulher.
The Siren circa 1900; Oil on canvas; Waterhouse
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A mulher na visão do romântico era um ser angelical, quase inatingível. Uma figura que de tão idealizada perdeu de vez sua concretude, tornando-se um ser etéreo e colocado em um patamar quase divino. Era essa impossibilidade de ter a mulher amada que geraram grandes obras literárias nos tempos áureos do romantismo. Pois é na tristeza provocado pelo “não ter” que o homem descobre que a vida não é racional. A vida não é uma epopéia retilínea e heróica, mas sim uma sinfonia intrincada com momentos cheios de vigor que se contrapõem com momentos de extrema agonia. O romântico entrou em contato com um mundo negro onde as cores só eram vistas ao longe.
Essa incapacidade humana de abrir mão de seus sentimentos conduziu o poeta romântico as mais profundas trevas do nosso ínfimo.
De todas as artes o romantismo se converteu em movimento de grande ímpeto revolucionário principalmente na literatura.
A exaltação da cultura popular.
AQUELARRE, FRANCISCO DE GOYA |
O romantismo é marcado por uma rebeldia intelectual típica da época revoltosa em que surgiu como movimento literário. E a literatura romântica da mesma forma que os movimentos políticos e sociais de sua época também esbanjavam ambiguidade. Se por um lado autores usavam belas letras para exaltar seu nacionalismo e amor a pátria, outros eram críticos ardentes das instituições sociais e pregavam o desapego ao estado.
Ao combater fortemente o universalismo apregoado pelos iluministas que tinham a cultura como um conceito de classificação que levava em conta o grau de desenvolvimento de determinada sociedade e de que as sociedades mais “evoluídas” deveriam ajudar as outras menos desenvolvidas a chegar no nível cultural que elas já desfrutavam. Nesse sentido o romantismo se aproxima muito da "cultura popular". Na Alemanha, por exemplo, muitos românticos buscaram resgatar seus poemas e canções tradicionais para exaltar o tipo especifico de cultura que seu povo produzia. A arte do povo determinava o tipo especifico de cultura produzida em determinado lugar. Foi justamente nesse período que o termo “Folklore” começou a ser utilizado para denominar aquilo que era feito por um determinado povo e que tinha o mesmo valor que o que qualquer outro povo fizesse. Por isso o nacionalismo se torna uma grande característica dos primeiros românticos. Buscavam legitimar uma autentica cultura nacional. Muitos teóricos, no entanto apresentam a ideia de que esse culto a nação – ao menos na Alemanha, fez nascer um nacionalismo exacerbado que poderia ter gerado as bases para o surgimento de uma ideologia nazista.
O Romantismo Acabou?
Miranda (The Tempest)- Waterhouse |
O peso social da literatura romântica na época atual é evidente. Foi após o romantismo que ganhamos mais liberdade de expressão, maior autonomia artística e a possibilidade de usar a imaginação como fator criativo.
O romantismo como modo de pensar, é uma crítica social. Uma critica a sociedade racionalista, que segundo Michael Lowy perdura até hoje como ideal revolucionário no combate ao: 1) desencantamento do mundo, com uma visão cada vez mais cientista e racional. 2) A quantificação do mundo, fator que reduziu tudo a números e estatísticas. 3) A mecanização do mundo, que passa a ser cada vez mais dominada pela máquina. Dentre outras coisas.
O Romantismo como movimento contestou e combateu de forma radical a ordem vigente na política, na filosofia e principalmente nas artes do século XVII, mas ao contrário do que somos conduzidos a pensar o surgimento da modernidade e da pós-modernidade não pôs fim ao ideal romântico que permanece hoje como crítica ferrenha a modernidade capitalista que oprime, desencanta e destrói os vínculos sociais mais caros a sociedade.
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André Stanley alcunha de André Luiz Ribeiro é professor e escritor; autor do livro “O Cadáver” (Editora Multifoco – 2013); É membro efetivo da Asso. Dos Historiadores e pesquisadores dos Sertões do Jacuhy desde 2004. Atua hoje como professor e pesquisador de História Cultural. Também leciona língua inglesa, idioma que domina desde a adolescência, Administra e escreve para os blogs: Blog do André Stanley (blogdoandrestanley.blogspot.com) – Sobre História, política, arte, religião, humor e assuntos diversos e Stanley Personal Teacher (stanleypersonalteacher.blogspot.com) onde da dicas de Inglês e posta exercícios para todos os níveis.
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