Como um insignificante e desmotivado professor de química do ensino médio se torna um criminoso frio e calculista?
O espetacular sucesso da série americana Breaking Bad produzida pelo canal AMC, não é uma pura artimanha de marketing como muitas vezes ocorre. A série ainda dará muito o que falar. Ela poderá se tornar um objeto de analise de vários cientistas sociais. Procurei fazer aqui no entanto, uma analise psicológica bem subjetiva do protagonista da série, Walter White.
Walter White simboliza de uma forma simplista a psique humana. Precisamos de um estimulo para querer mudar nossas atitudes. No caso do pacato professor de Química do ensino médio Walter White, tal estimulo foi a descoberta de um câncer no pulmão. Walter White na iminência da morte e pressionado pela situação financeira nem um pouco agradável – tendo que se submeter a um subemprego em um lava jato para tentar de alguma forma ajudar nas despesas de uma típica família de classe média americana – encontra finalmente um subterfúgio poderoso para iniciar uma vida ilícita.
O câncer foi apenas um gatilho que impulsionou o apático White dando-lhe uma espécie de sobrevida. Pois um elemento que não se pode negligenciar estava adormecido há tempos nas entranhas da mente desse personagem surpreendente. O fato de ter criado uma empresa com dois outros amigos onde o incrédulo White foi o único que não prosperou na vida. White não acredita no sucesso da empresa que criou e vende sua parte aos seus sócios, a empresa, no entanto, se torna uma gigante, enriquecendo seus antigos amigos de faculdade e agora ex-sócios. Este é o elemento mais poderoso que ficou adormecido todos esses anos acumulando culpa, remorso, inveja e ódio. Como em uma reação química onde elementos diversos ao se misturar pode causar reações inesperadas, a noticia do tumor causa uma metamorfose impensada no ordinário professor de química Walter White.
O fato de saber que a morte caminha ao seu lado o faz motivado. Sua motivação consciente: deixar um legado a sua família. White recusa ajuda financeira de seu antigo sócio por puro orgulho. Mas analisando friamente a figura em que White estava se tornando o elemento orgulho foi preponderante para sua sobrevivência. Mas o que White escondia nas profundezas de sua mente de si mesmo, e que foi revelado em algum momento do seriado, era o fato de que seu talento para fabricar a metanfetamina mais pura do mercado o tornou uma referencia, algo que nunca obteve antes mesmo com toda sua inteligência e genialidade. Isso foi o alimento perfeito para o seu ego. Esse narcisismo cristalizou a figura do criminoso frio e maquiavélico interpretado magnificamente pelo ator Bryan Cranston.
André Stanley alcunha de André Luiz Ribeiro é professor e escritor; autor do livro “O Cadáver” (Editora Multifoco – 2013); presidiu o Centro acadêmico do curso de História no UNIFEG em 2007, é membro efetivo da Ass. Dos Historiadores e pesquisadores dos Sertões do Jacuhy desde 2004. Atua hoje como professor e pesquisador de História Cultural. Também leciona língua inglesa, idioma que domina desde a adolescência
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