André Luiz Ribeiro - professor de história que teve que dar uma aula sobre a Revolução Francesa para se ver livre de linchadores |
Justiceiros conservadores que vem atuando Brasil afora de forma análoga a atuação dos recrutas da tropa de choque do partido nazistas antes desse subir ao poder na Alemanha em 1932 - considerada as devidas proporções culturais e temporais. Esses conservadores já elegeram seus lideres (leia matéria relacionada). Uma jornalista cristã de nome Rachel Sheherazade é de longe a grande representante e propagadora desse movimento, já que tem a seu favor um veiculo de repercussão nacional e a simpatia de uma classe média adoentada e mal educada em ascensão. Não vou repetir sobre o papel fundamental dessa mentalidade conservadora cristã representada em certa medida por essa jornalista, muitos analistas já o fizeram e eu em minha baixeza intelectual também já o fiz nesse blog. (Leia aqui)
A nova vítima dessa mentalidade "pré-histórica" foi um representante da classe menos valorizada e no entanto mais necessária para esse país, caso ainda pretendamos construir uma sociedade razoavelmente habitável por etnias diversas. André Luiz Ribeiro, um professor de História - acho que a coincidência me deixou ainda mais indignado, pois esse cidadão não bastasse ter a mesma profissão que eu, possui também exatamente o mesmo nome e sobrenome - foi espancado como um animal na periferia de São Paulo, exatamente no bairro de Balneário São José, por uma multidão de populares que o viu ser acusado de roubo pelo dono de um bar nessa região. André fazia cooper e foi parado pelo dono do bar e seu filho e acorrentado, os moradores se aglomeraram e começaram a espancá-lo.
“Perguntei o que estava acontecendo. Eles sequer conversaram comigo. Já foram me batendo. O filho dele me deu um mata-leão, fiquei sem ar. Aí me derrubaram no chão e foi bicuda pra todo lado. Tomei bicuda no corpo inteiro. Apanhei muito.”
O professor conta que, mesmo destruído, ainda estava acorrentado e deitado no chão. “Foi quando um dos bombeiros falou para mim "Então dá uma aula de revolução francesa aí já que você é professor mesmo'. Eu tinha tomado tanta pancada na cabeça... Mesmo assim, falei que a revolução francesa era simples: a França era o lugar onde o antigo regime tinha maior força. A burguesia tornou-se guia da população para tomar o poder da monarquia. Ao mesmo tempo, houve apenas uma mudança de ordem social, até porque as desigualdades permaneceram. Enquanto eu não dei a aula, continuei deitado no chão. Só depois da aula que eles me levantaram e me colocaram sentado na calçada.”
André um mulato de 27 anos foi levado levado à delegacia pelos bombeiros depois de ser linchado. e ficou preso por 2 dias. Agora vai responder em liberdade pelo crime de roubo, já que o dono do bar confirmou em seu depoimento que André era o ladrão.
“Perguntei o que estava acontecendo. Eles sequer conversaram comigo. Já foram me batendo. O filho dele me deu um mata-leão, fiquei sem ar. Aí me derrubaram no chão e foi bicuda pra todo lado. Tomei bicuda no corpo inteiro. Apanhei muito.”
O professor conta que, mesmo destruído, ainda estava acorrentado e deitado no chão. “Foi quando um dos bombeiros falou para mim "Então dá uma aula de revolução francesa aí já que você é professor mesmo'. Eu tinha tomado tanta pancada na cabeça... Mesmo assim, falei que a revolução francesa era simples: a França era o lugar onde o antigo regime tinha maior força. A burguesia tornou-se guia da população para tomar o poder da monarquia. Ao mesmo tempo, houve apenas uma mudança de ordem social, até porque as desigualdades permaneceram. Enquanto eu não dei a aula, continuei deitado no chão. Só depois da aula que eles me levantaram e me colocaram sentado na calçada.”
André um mulato de 27 anos foi levado levado à delegacia pelos bombeiros depois de ser linchado. e ficou preso por 2 dias. Agora vai responder em liberdade pelo crime de roubo, já que o dono do bar confirmou em seu depoimento que André era o ladrão.
Fontes:
História do Mundo
Proponho ao leitor que seja professor de história ou alguma outra ciência social para trabalhar os seguintes temas relacionados ao acontecimento:
Proponho ao leitor que seja professor de história ou alguma outra ciência social para trabalhar os seguintes temas relacionados ao acontecimento:
Primeiramente peça para os alunos anotarem suas reflexões sobre as seguintes afirmações sobre o protagonista dessa história:
- André é mulato.
- André não é rico.
- André vive no país do lincamento
- André é professor em um país onde educação não é levada sério
- André vive em um país onde cristãos conservadores estão se utilizando largamente de meios de comunicação em massa.
Perguntas para serem feitas aos alunos:
- Você acha que a justiça com as próprias mão deve prevalecer sobre a ação do Estado?Por quê?
- O que justificaria o linchamento publico?
- Relacione a falta de segurança com os linchamentos públicos que vem acontecendo?
- Qual o papel da mídia na propagação dos linchamentos?
- Relacione os séculos de escravidão negra no Brasil e o artigo acima? Justifique sua resposta?
- Relacione a histórica educação precária brasileira com a criminalidade atual?
- Conservadores justificam seu justiçamento com a falta de segurança pública que temos hoje. Partindo desse pressuposto, você acredita que o restabelecimento da ordem por meio de uma intervenção militar seria uma alternativa? Justifique.
Fonte:
André Stanley é escritor e professor de História, Inglês e Espanhol, autor do livro "O Cadáver", editor dos blogs: (Blog do André Stanley, Stanley Personal Teacher). Colaborador do site especializado em Heavy Metal Whiplash. Foi um dos membros fundadores da banda de Heavy Metal mineira Seven Keys. Também é fotógrafo e artista digital.
Nenhum comentário:
Postar um comentário