Atualmente lidamos com temas que décadas atrás eram rígidos demais
para serem questionados e até mesmo analisados. Um tema que permeia hoje em dia
na sociedade moderna é a diversidade sexual. Até o dia 17 de Maio de 1990 o homossexualismo
era considerado doença. Portando em pouco mais de duas décadas muitos conceitos
sociais foram repensados e como a escola reproduz tudo que ocorre na sociedade
que a cerca, esse tema é hoje sim muito discutido dentro dos parâmetros pedagógicos
mais ousados, no entanto ainda há uma evidente carência reflexiva sobre o tema
dentro do ambiente escolar.
Parece notável que a grande maioria dos professores
brasileiros não esta preparada para tratar a diversidade sexual em sala de aula
e, para agravar mais a situação não há dentro das universidades uma preocupação
efetiva sobre o tema, isso somada à hierarquia rígida da escola, gera péssimos
educadores que podem até mesmo amplificar no espaço de ensino o preconceito que
ele próprio trás em sua bagagem. O que
permite casos como de Fabio Vasconcelos* que era tido como um dos mais
inteligentes de sua sala. Aquele que todos recorriam quando não entendiam a
matéria direito. Seu professor de física ao invés de elogiá-lo sempre fazia
piadinhas do tipo “Você é muito sabichona” com todo teor sexual que você possa
imaginar ter essa frase.
Não há espaço para a reflexão
dentro do ambiente escolar devido à
hierarquia militar adotada por essas instituições.
E as instituições formadoras parecem não ter
uma postura mais ousada que possa tornar
as escolas mais inclusivas e dentro de
parâmetros mais aceitáveis para o século XXI.
Fabio que gostava da matéria e tinha muita facilidade
de aprender e nunca se queixou, pois o tal professor era tipo, o cara engraçado
que fazia todos rir. “Eu não podia simplesmente falar pra ele que eu estava
ofendido com a piadinha, afinal todos gostavam dele, eu seria a “bicha chata”
da história e o bulling só tenderia aumentar.
Como o preconceito está muito enraizado no seio da
sociedade, é muito difícil para uma instituição de ensino simplesmente se
adaptar para uma postura mais inclusiva que é a grande busca das sociedades modernas.
Não há espaço para a reflexão dentro do ambiente escolar devido à hierarquia
militar adotada por essas instituições. E as instituições formadoras parecem
não ter uma postura mais ousada que possa tornar as escolas mais inclusivas e dentro
de parâmetros mais aceitáveis para o século XXI. Como diz Marcus Cezar psicólogo
e Doutorando em Filosofia
“No Brasil a formação e a discussão sobre o que de fato é
educação e como ela pode ser vinculada é ainda muito precária. Para quebrar
essa estrutura, é necessário preparar os educadores de forma diferente. Por
exemplo, a formação universitária, a formação pedagógica e o pensamento crítico
sobre o papel do professor não fazem parte de praticamente nenhum programa de
formação”.
Enquanto isso nossas universidades continuaram a formar
professores despreparados que fazem da sala de aula o seu palco, enquanto a sua
platéia – alunos – passivamente recebem na cara o preconceito que deveria
sempre ser tema de discussão e não simplesmente algo pronto acabado e concebido
como uma verdade social imutável.
No inicio desse ano (2014) o professor Ademir Ferraz da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) publicou críticas a homossexuais em seu perfil no Facebook. O episódio levantou a discussão sobre os limites na internet. Um professor universitário se utilizando de uma rede social para declarar seu repudio aos Homossexuais indica o grau de conservadorismo de muitos de nossos docentes. A UFRPE divulgou notas repudiando a atitude de seu docente. Assista reportagem abaixo:
Um educador de verdade não é um
reprodutor de preconceitos e tradições
sociais sem nexo com o mundo em que vivemos,
mas sim um guia seguro que pode conduzir
um individuo – aluno – ao ato reflexivo e perguntar
de vez e quando: por que ele é diferente?
Talvez seja hora de o professor descer do seu pedestal e dar
mais voz ativa ao aluno. Ao aluno negro, a aluna mulher, ao aluno homossexual,
ao aluno evangélico, ao aluno judeu, ao aluno espírita, etc. Um professor que
se presa deve estar preparado para a diversidade, não só sexual, mas também par
lidar com todos os tipos de diferenças culturais que possam ocorrer dentro de
um mundo globalizado. Um educador de verdade não é um reprodutor de
preconceitos e tradições sociais sem nexo com o mundo em que vivemos, mas sim
um guia seguro que pode conduzir um individuo – aluno – ao ato reflexivo e
perguntar de vez e quando: por que ele é diferente?
*Nome Fictício.
Fonte:
André Stanley alcunha de André Luiz Ribeiro é professor e escritor; autor do livro “O Cadáver” (Editora Multifoco – 2013); presidiu o Centro acadêmico do curso de História no UNIFEG em 2007, é membro efetivo da Ass. Dos Historiadores e pesquisadores dos Sertões do Jacuhy desde 2004. Atua hoje como professor e pesquisador de História Cultural. Também leciona língua inglesa, idioma que domina desde a adolescência
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