quarta-feira, 2 de julho de 2014

O despreparo dos professores para lidar com a diversidade sexual dentro da sala de aula.




Atualmente lidamos com temas que décadas atrás eram rígidos demais para serem questionados e até mesmo analisados. Um tema que permeia hoje em dia na sociedade moderna é a diversidade sexual. Até o dia 17 de Maio de 1990 o homossexualismo era considerado doença. Portando em pouco mais de duas décadas muitos conceitos sociais foram repensados e como a escola reproduz tudo que ocorre na sociedade que a cerca, esse tema é hoje sim muito discutido dentro dos parâmetros pedagógicos mais ousados, no entanto ainda há uma evidente carência reflexiva sobre o tema dentro do ambiente escolar.

Parece notável que a grande maioria dos professores brasileiros não esta preparada para tratar a diversidade sexual em sala de aula e, para agravar mais a situação não há dentro das universidades uma preocupação efetiva sobre o tema, isso somada à hierarquia rígida da escola, gera péssimos educadores que podem até mesmo amplificar no espaço de ensino o preconceito que ele próprio trás em sua bagagem.  O que permite casos como de Fabio Vasconcelos* que era tido como um dos mais inteligentes de sua sala. Aquele que todos recorriam quando não entendiam a matéria direito. Seu professor de física ao invés de elogiá-lo sempre fazia piadinhas do tipo “Você é muito sabichona” com todo teor sexual que você possa imaginar ter essa frase. 

Não há espaço para a reflexão 
dentro do ambiente escolar devido à 
hierarquia militar adotada por essas instituições. 
E as instituições formadoras parecem não ter
uma postura mais ousada que possa tornar 
as escolas mais inclusivas e dentro de 
parâmetros mais aceitáveis para o século XXI.

Fabio que gostava da matéria e tinha muita facilidade de aprender e nunca se queixou, pois o tal professor era tipo, o cara engraçado que fazia todos rir. “Eu não podia simplesmente falar pra ele que eu estava ofendido com a piadinha, afinal todos gostavam dele, eu seria a “bicha chata” da história e o bulling só tenderia aumentar.
Como o preconceito está muito enraizado no seio da sociedade, é muito difícil para uma instituição de ensino simplesmente se adaptar para uma postura mais inclusiva que é a grande busca das sociedades modernas. Não há espaço para a reflexão dentro do ambiente escolar devido à hierarquia militar adotada por essas instituições. E as instituições formadoras parecem não ter uma postura mais ousada que possa tornar as escolas mais inclusivas e dentro de parâmetros mais aceitáveis para o século XXI. Como diz Marcus Cezar psicólogo e Doutorando em Filosofia

“No Brasil a formação e a discussão sobre o que de fato é educação e como ela pode ser vinculada é ainda muito precária. Para quebrar essa estrutura, é necessário preparar os educadores de forma diferente. Por exemplo, a formação universitária, a formação pedagógica e o pensamento crítico sobre o papel do professor não fazem parte de praticamente nenhum programa de formação”.

Enquanto isso nossas universidades continuaram a formar professores despreparados que fazem da sala de aula o seu palco, enquanto a sua platéia – alunos – passivamente recebem na cara o preconceito que deveria sempre ser tema de discussão e não simplesmente algo pronto acabado e concebido como uma verdade social imutável.

No inicio desse ano (2014) o professor Ademir Ferraz da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) publicou críticas a homossexuais em seu perfil no Facebook. O episódio levantou a discussão sobre os limites na internet. Um professor universitário se utilizando de uma rede social para declarar seu repudio aos Homossexuais indica o grau de conservadorismo de muitos de nossos docentes. A UFRPE divulgou notas repudiando a atitude de seu docente. Assista reportagem abaixo:




Um educador de verdade não é um 
reprodutor de preconceitos e tradições 
sociais sem nexo com o mundo em que vivemos, 
mas sim um guia seguro que pode conduzir 
um individuo – aluno – ao ato reflexivo e perguntar 
de vez e quando: por que ele é diferente?

Talvez seja hora de o professor descer do seu pedestal e dar mais voz ativa ao aluno. Ao aluno negro, a aluna mulher, ao aluno homossexual, ao aluno evangélico, ao aluno judeu, ao aluno espírita, etc. Um professor que se presa deve estar preparado para a diversidade, não só sexual, mas também par lidar com todos os tipos de diferenças culturais que possam ocorrer dentro de um mundo globalizado. Um educador de verdade não é um reprodutor de preconceitos e tradições sociais sem nexo com o mundo em que vivemos, mas sim um guia seguro que pode conduzir um individuo – aluno – ao ato reflexivo e perguntar de vez e quando: por que ele é diferente? 

*Nome Fictício.

Fonte:



André Stanley alcunha de André Luiz Ribeiro é professor e escritor; autor do livro “O Cadáver” (Editora Multifoco – 2013); presidiu o Centro acadêmico do curso de História no UNIFEG em 2007, é membro efetivo da Ass. Dos Historiadores e pesquisadores dos Sertões do Jacuhy desde 2004. Atua hoje como professor e pesquisador de História Cultural. Também leciona língua inglesa, idioma que domina desde a adolescência

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