domingo, 5 de agosto de 2018

O papel do professor de espanhol hoje.




Trabalho apresentado à disciplina Estágio II - espanhol do curso de Letras Universidade Federal de Alfenas - Campus Alfenas como parte da avaliação do curso. 2018.


Introdução:
O objetivo desse artigo é fazer um diálogo sobre o papel do professor de espanhol na atual conjuntura. Sabemos que o ensino do espanhol nas escolas regulares está no âmbito facultativo e por isso sabemos que um nicho de ensino de idiomas em escolas de idiomas pode ser criado. Vamos fazer uma breve analise dos pontos divergentes e também dos aspectos comuns aos dois tipos de profissionais e sobre sua função como responsável pelo letramento do aluno.

O papel do professor de espanhol em escolas de idiomas.

O papel do professor em uma escola de idiomas passou por diversas transformações ao longo dos anos. Quando ainda se aplicava o método tradicional os professores desempenhavam um papel central no ensino do idioma. Hoje depois de muito se discutir o papel do professor de língua, temos um perfil de professor mais mediador e dialógica.
Podemos dizer que hoje em dia, a importância do aluno no processo de ensino-aprendizagem é fundamental, deixando ao professor o papel de guia seguro rumo à aquisição do idioma. É como um facilitador do processo.
Esse processo não alterou somente o papel do professor, mas também as perspectivas dos alunos. Se antes a aprendizagem de uma língua estava baseada no conhecimento metódico da língua e da cultura de certos países, hoje ele está diretamente ligado a necessidade de se comunicar com o mundo. Há hoje uma demanda internacional por pessoas com habilidades comunicativas. Portanto, o desenvolvimento das práticas e das metodologias modernas de ensino estão ligadas as novas demandas que estabeleceram outras metas para os estudantes.

A própria noção de certo e errado para essa nova etapa do ensino de idiomas em escolas livres vem sendo realinhada as novas necessidades comunicativas. Cada vez mais, as habilidades gramaticais que buscam estabelecer regras claras e absolutas para o uso de um idioma, estão sendo questionadas e até mesmo suplantadas pelo estabelecimento de um fluxo comunicativo cuja função pragmática se torna preferível. O aluno não precisa dominar as regras que regem aquela língua, pois a priori, não se espera deles que sejam professores de língua, mas sim usuários desta. Como não seria necessário aprender sobre mecânica para ser um motorista.
Nesse âmbito, a habilidade linguística mias trabalhada e praticada dentro de uma sala de aula de um curso de idomas é a oralidade, e consequentemente a audição, já que esse tipo de pratica implica no uso de situações contextualizadas do uso de perguntas e respostas, onde os alunos podem praticar o uso do idioma alvo em diversas ocorrências.
Isso não quer dizer que as habilidades de leitura e escrita são negligenciadas, ja que a dinâmica do trabalho internacional implica na assimilação rápida de informações e replica-las nas suas práticas profissionais.
A prática da conversação é preferida, nos cursos de idiomas por uma questão pragmática de utilização do tempo, porém há momentos em que ler um e-mail corporativo e responde-lo a altura deverá ser trazido a tona no intuito de preparar o aluno para a aquisição hiper-rápida de informações imposta pela nova dinâmica mundial.

O professor de espanhol em escolas regulares de ensino

O grande desafio para o professor de ensino de escolas regulares de ensino, é talvez seguir as propostas curriculares estabelecidas pelo estado em um ambiente heterogêneo. As novas demandas profissionais implicam em um maior compromisso das escolas com a preparação do aluno para o mercado de trabalho. Mas esse não deve ser o único foco contemplado pelos currículos escolares, pois as relações multilaterais entre países, criam uma demanda que inclui além dos aspectos linguísticos, a cultura e a relevância de determinada língua nas relações internacionais construídas historicamente entre os países. Não que os aspectos culturais não sejam relevantes para os professores de escolas de idiomas, mas devido ao imediatismo dos planos de ensino direcionado para a comunicação efetiva estas instituições tratam desses aspectos de forma implícita, sem profundidade. No caso do ensino de uma língua estrangeira nas escolas regulamentares de ensino, a cultura tem papel mais relevante. No entanto, muito vem sendo discutido sobre o papel da cultura no ensino de línguas e no que tange especialmente ao ensino de espanhol, temos, de acordo com alguns teóricos, uma carência dos materiais didáticos sobre a inclusão de aspectos culturais dos países falantes de espanhol no ensino da língua em questão.

Muitos livros didáticos de ensino de espanhol para brasileiros se valem de um tipo fragmentado de inclusão cultural em seus textos e atividades. A contextualização, que aliás, é um elemento essencial para a construção das atividades do ensino de línguas nas escolas de idiomas, se torna rasa nas unidades de ensino formal.
Portanto, o professor de escolas regulares de ensino deve lidar com essa necessidade em seu planejamento. Os parâmetros que regem a aplicação dos conteúdos básicos para os alunos do sistema educacional brasileiro – por exemplo a OCEM, no caso do ensino médio – são bem claros em suas definições e ao mesmo tempo dão margem as instituições juntamente com os docentes para adequar seus planos de ensino de acordo com a demanda local. Até mesmo o método de ensino deve ser orientado por essas demandas. Pois o objetivo a ser atingido pode ser atingido por caminhos diversos por comunidades diferentes.

Podemos notar, que o ensino de espanhol está imerso em diversos elementos a serem considerados pelo professor. A noção de que não há um método 100% eficaz na aquisição de uma língua deve orientar cada professor que se empenhe em cumprir seu plano de ensino.

Podemos notar que ao contrário das escolas de idioma, o ensino regular e regrado visa a formação do aluno, ou a criação de um currículo básico que extrapola o uso instrumental da língua, mas também envolve sobretudo a diversidade cultural, histórico e sociocultural que envolve a língua. No caso do espanhol é de extrema importância nesse contexto que o aluno identifique a heterogeneidade cultural dos países que falam esse idioma assim como sobre a influência e a relevância desse idioma para as relações entre os homens, criando assim sujeitos cientes de seu papel social dentro de suas comunidades e como cidadãos do mundo.

É nesse contexto que o próprio conceito de letramento deve ser contemplado pelo professor de espanhol. O letramento é visto como a capacidade adquirida de ler e escrever, mas não em um sentido apenas de decodificar palavras e estruturas gramaticais inerentes a um idioma, mas a capacidade de fazer uso dessa capacidade na construção da sociedade.
Nesse sentido notamos que o letramento não é uma função exclusiva do professor de língua, mas de todas as áreas que visão incutir no aluno as várias visões de mundo recorrentes nos discursos. No caso do professor de línguas e no nosso caso do professor de língua espanhola, essa função parece mais clara e direta por temos como fonte de estudo e ferramenta didática o próprio texto. Portanto cabe ao professor de língua estrangeira guiar seus alunos à compreensão das formas textuais de discursos e a que, ou a quem elas sevem.
Nesse sentido até mesmo o ensino da gramática como ponto de partida para a execução dessas formas de discurso é válido. O objetivo a ser atingido deve, no entanto, estar sempre a vista do professor. E o letramento como capacidade de leitura de mundo ou de mundos deve pautar a construção dos materiais didáticos a serem construídos para esse intuito.

Considerações finais.
Como podemos notar, o professor de espanhol tem uma diversidade de fatores a levar em conta na hora de estabelecer seu plano de ensino. Seja no caso de um professor de cursos livres de idiomas ou no caso de um professor regulara de ensino formal, é releveante que todos esses elementos estejam presentes quando este estabelecer seu plano de ensino, mas principalmente no segundo caso, o professor deve ter como guia seu parâmetros nacionais de ensino, mas dialogar com os alunos de sua comunidade para incutir neles a ideia de heterogeneidade, não somente linguística, mas sobretudo cultural e sociocultural.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

·        BRASIL. Linguagens, códigos e suas tecnologias / Secretaria de Educação Básica. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006.
·        BRASSO, Maria Irene Alicia Molinero. REFLEXIÓN SOBRE EL PAPEL DEL PROFESSOR DE LENGUA ESTRANJERA EM UN INSTITUTO DE IDIOMAS Y EN UN CENTRO DE ENSEÑAZA REGULADA. São Paulo, 2005
·        MAZZARO, Daniel. O ENSINO DA GRAMÁTICA ESPANHOLA NA PERSPECTIVA DO LETRAMENTO. UNIFAL,
·        SOUZA JUNIOR, A CULTURA “DENTRO” DA LÍNGUA: ABORDAGEM DE CULTURA EM ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS. VERBUM (ISSN 2316-3267), v. 6, n. 2, p. 52-75, fev.2017

André Stanley é escritor e professor de História, Inglês e Espanhol, autor do livro "O Cadáver", editor dos blogs: (Blog do André Stanley, Stanley Personal Teacher). Colaborador do site especializado em Heavy Metal Whiplash. Foi um dos membros fundadores da banda de Heavy Metal mineira Seven Keys. Também é fotógrafo e artista digital.


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