quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Conversa entre escritores: J.A.R. Ferraz Entrevista André Stanley



Fui entrevistado pelo escritor J.A.R Ferraz, por conta do lançamento do meu livro "O Cadáver"
Leia a entrevista na integra e conheça o blog dele onde ele posta noticias sobre suas obras publicadas incluindo escritos para você baixar gratuitamente.


Título Original: Entrevista com André Stanley, autor de O Cadáver,
Por J.A.R. Ferraz


Estive conversando com um dos mais novos escritores de Guaxupé, André Stanley. Em uma pequena entrevista com o autor de O Cadáver, ele contou sobre sua obra recém-lançada:

J.A.R.Ferraz: Primeiramente, gostaria que fizesse uma breve apresentação para os leitores.

André Stanley: Meu nome é André Luiz Ribeiro, mais conhecido como André Stanley entre os amigos. Sou formado em História. Atuo como pesquisador free lancer de história cultural. Também dou aulas de Inglês, idioma do qual sempre fui um grande estudioso. Também tento ser músico nas horas vagas. Na minha adolescência fui baixista, guitarrista e vocalista de algumas bandas de Rock N’ Roll e de Heavy Metal. Mas nunca fui um músico muito dedicado, sempre arrumava outra coisa para me dedicar o que acabava me atrapalhando.

J.A.R.Ferraz: Chamou-me muito a atenção no seu livro à maneira como você descreve a historia. Como conseguiu inspiração para escrevê-la?

A.S: Uma vez eu vi uma foto de um cadáver sendo autopsiado, o que me deixou muito impressionado. Eu me impressiono demais com essas coisas. Eu não poderia presenciar um acidente, creio que também necessitaria de socorro em uma ocasião assim. (risos). Mas isso ficou em algum canto do meu cérebro ate que um dia eu li uma resenha de um conto do Garcia Marques onde ele descrevia o aparecimento de um corpo em uma praia num pequeno vilarejo. Quando li essa descrição a ideia veio automaticamente na minha mente. Um cadáver desconhecido é sempre fonte de muito mistério e muitas memória vêm a tona. Comecei escrever imediatamente.

J.A.R.Ferraz: Quais escritores o inspiram?

A.S: Eu leio muito, mas por incrível que pareça leio muitos livros acadêmicos da minha área de atuação (história e educação) o que às vezes me impede de ler romances ou ficções, mas sempre faço uma força para ler alguns romances. Os escritores que mais me cativaram são escritores estrangeiros, tenho uma certa dificuldade com a literatura brasileira apesar de achar que temos uma das mais ricas literatura do planeta. Mas Franz Kafca é para mim um escritor por excelência ele criou o romance moderno sem sentido e sem fim. Li muito Shakespeare, acho que posso considerar Shakespeare uma inspiração na forma com escrevo. Descobri Saramago recentemente e achei fantástico. Gosto de Vladimir Nabokov que escreveu, para mim, uma das grandes obras do século XX “Lolita” - tenho uma queda por romances subversivos. No mais leio alguns romances históricos que acho interessante, sou um grande defensor do romance histórico, acho que os historiadores que geralmente são críticos ferrenhos dessas obras são uns chatos que pensam possuir monopólio da verdade. Vejo muita qualidade em Dan Brown, por exemplo, e é claro ainda mais em Umberto Ecco. Leio muita filosofia e psicologia que obviamente influencia mesmo que inconscientemente minha escrita. Acho que os autores que mais li até hoje foram, William Shakespeare, Franz Kafka e Friedrich Nietzsche.

J.A.R.Ferraz:Muitos escritores complementam seus livros com alguns acontecimentos de suas vidas que serviram de inspiração. Você passou isso para sua historia?

A.S: Sim, acho impossível escrever sem levarem consideração acontecimentos vivenciados por nós mesmos. Todo livro é uma de alguma forma uma autobiografia do autor. No meu livro eu não coloquei nomes nem datas propositalmente para não soar muito pessoal. E também para dar mais liberdade ao leitor de imaginar por si próprio Mas fica implícito que o interior que descrevo no livro se trata do interior que eu conheço e no qual fui criado.

J.A.R.Ferraz: Admiro escritores que usam a forma de escrever “palavras difíceis”. Ser professor te ajudou a aperfeiçoar sua escrita?

A.S: Na verdade o fato de ser professor não me ajudou muito, pois quando eu escrevi o livro em questão, eu atuava como professor particular de inglês e fazia estagio dando aulas de história. O que ajuda uma pessoa a ganhar vocabulário e por isso mais opções de construções textuais são as suas leituras. Ler é o segredo para ter um bom vocabulário e um bom conhecimento. Não acredito que uma formação acadêmica seja essencial para uma pessoa se tornar um bom escritor, isso apenas ajuda. O essencial na minha opinião é ver como os grande fizeram no passado e com isso criar o seu próprio repertório. Mas uma coisa é inegável, quanto mais inserido você estiver no mundo acadêmico mais fácil será para você desenvolver seu lado técnico que nesse mundo globalizado conta muito.

J.A.R.Ferraz: E em algumas partes do seu livro, é citado muito sobre historia, que no caso é sua formação acadêmica. Isto também ajudou?

A.S: Quando você domina um assunto você automaticamente se sente mais seguro para utilizá-lo em uma obra literária, o fato de eu estar estudando história na é poça em que escrevi pode sim ter me dado alguns insights, porém totalmente de forma implícita, não quis fazer uma análise histórica. Estava desde o inicio pensando em escrever um romance.

J.A.R.Ferraz: Sabemos que nos dias de hoje, escritores brasileiros costumam ter pouco reconhecimento se não tiver um empurrão da mídia, e todos sabemos o quanto é difícil ter uma obra publicada devido aos vários obstáculos. Qual a sua dica para quem esta começando agora?

A.S: O Brasil é um país que lê muito pouco, apesar de ter melhorado, as estatísticas são muito desfavoráveis para o mercado editorial. Mas estamos falando de uma arte milenar, que de forma alguma deveria ser feita pensando no dinheiro. É difícil hoje em dia competir com os grandes escritores, mas se você tem uma obra e a deixa na gaveta está perdendo uma oportunidade de ser visto e de colocar sua cara a tapa. Creio que o que é bem feito deve ser mostrado. O que é belo deve ser mostrado – sem nenhuma analogia com revista de nu feminino (risos). Recentemente o escritor brasileiro que mais vende livros no mundo inteiro se recusou a ir a feira literária de Frankfurt alegando justamente que o Brasil passa por uma efervescente cena literária com promissores escritores surgindo e o ministério da cultura não colocou nenhuma dessas novas promessas na lista de convidados. Achei um ato grandioso de Paulo Coelho, mas vivemos no Brasil e enquanto a leitura foi vista culturalmente como uma atividade inferior e como perda de tempo, não consigo vislumbrar um mundo muito favorável a quem escreve. Óbvio que existem exceções, alguém da indústria editorial pode te descobrir por acaso e te transformar em uma celebridade, mas ai seria como jogar na loteria. Sintetizando eu diria que a tecnologia está aí e devemos usá-la sempre a nosso favor, se tem uma obra engavetada e espera pelo momento certo para enviar para as grandes editoras, você pode se decepcionar, pois creio que não vão dar a mínima para você, só investirão em alguém que garantir um retorno certo pelo investimento deles, agora se você encontra uma boa editora independente e lança sua obra por si mesmo,mostrará que não depende do mercado editorial para mostrar seu talento. Isso sim eu considero heroico e digno de meu respeito.

J.A.R.Ferraz: E para finalizar, O Cadáver teve uma ótima aceitação pelos leitores. Tem mais algum livro vindo por ai?

A.S: Eu me considero um escritor 24 horas por dia, pois não é somente o ato de escrever que o torna escritor. Um escritor quando não está escrevendo está lendo, pensando e vivendo para adquirir elementos que depois serão materializados em uma folha de papel, que por sua vez depois será desmaterializados pelos leitores de acordo com sua própria bagagem. Tenho muitas idéias e creio que em no máximo dentro de um ano já terei decodificado essas idéias e transformado-as em um novo romance. Acho que o lançamento de O Cadáver me tirou um pouco o foco, era como se eu necessitasse urgentemente de me livrar desse cadáver para começar algo novo, (risos) acho que em breve sentirei aquela necessidade de me recolher em meu sombrio escritório com minha garrafa de vinho tinto e começar a colocar tudo no papel. É um processo natural da minha mente, não tenho muito controle sobre isso.



J.A.R.Ferraz:
José Augusto Ribeiro Ferraz (J.A.R.Ferraz), natural de Guaxupé-MG. Escritor da trilogia O Sexto Reino - E o Vale dos Dragões, A Draconita do Caos, E o Império do Druida - e também do primeiro volume de O Cemitério da Colina de publicação online. Trabalha em mais outras duas obras: Fazenda Bálsamo (terror) e Sonhos de Vida e Morte (Drama). Em 2005, aos dezoito anos, começou a escrever a trilogia “O Sexto Reino”, quando ainda era estudante na escola Dr. Benedito Leite Ribeiro, onde recebia o incentivo do escritor Elias José. Durante esses anos a historia passou por varias mudanças e em 2013 finalizou o primeiro volume. Sempre gostou de criar pequenas historias e poemas, mas foi depois de conhecer as obras de J. R. R. Tolkien que deu inicio ao seu livro. Começou a trabalhar aos 15 anos de idade com vendas, passando por calçados até produtos agropecuários. Chegou a cursar a faculdade de Comunicação Social, porém, não foi até o fim. Atualmente continua exercendo a profissão de vendedor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagens Populares