Poster do filme El Cid de 1961 |
Versão Resumida
O objetivo desse artigo é analisar o filme “El Cid”, do cineasta norte-americano Anthony Mann lançado em 1961, comparando-o com o poema medieval, “Cantar de Mio Cid” o qual, a obra cinematográfica em questão traduziu para a linguagem cinematográfica. O texto que conhecemos como o “Cantar de Mio Cid” data de 1207 quando foi transcrita por um copista chamado Per Abbat provavelmente baseando-se em escritos anteriores. Não há informações sobre quem é o verdadeiro autor do poema, pois a exemplo das epopeias clássicas trata-se de uma transcrição de poemas populares que eram cantados por poetas que o recitavam desde tempos mais remotos. Esta é considerada a obra fundadora da literatura de língua espanhola.
Podemos declarar simplisticamente que o filme de Anthony Mann se trata de uma versão romanceada do poema medieval que conta a história das conquistas militares levadas a cabo pelo lendário cavaleiro castelhano Don Rodrigo Diaz que recebeu a alcunha de El Cid Campeador.
A linguagem cinematográfica, no entanto, desfigura uma premissa medieval muito clara no poema, onde a mulher é praticamente uma possessão de seu marido tendo que ficar confinada longe dos olhares alheios enquanto seu marido sai a guerrear por aí. A figura de Dona Jimena, esposa de Don Rodrigo, na obra literária é secundária não tendo uma utilidade marcante como o filme veio a mostrar. Sophia Loren como a interprete de Jimena no filme, já nos dá a dica de que ela será quase uma protagonista, e assim o é. Afinal de contas, ao contar uma história medieval para um público contemporâneo sem conhecimento histórico suficiente para entender a mentalidade da época não é tarefa fácil.
A transposição da lenda de El Cid para o cinema, como era de se esperar, sofrera uma transfiguração, que eu chamaria de adequação temporal, introduzindo um elemento caro ao homem do século XX que pensa o casamento como a realização de um ideal romântico, onde duas pessoas que se apaixonam se buscam e não conseguem viver um sem o outro.
É uma produção grandiloquente, com cenas épicas de batalhas e duelos entre cavaleiros, tem um protagonista com uma índole superior, representando tudo o que de mais virtuoso há em um homem comprometido co sua honra e seu temor à Deus. Sua bela esposa Jimena representa a mulher ideal sonhada por qualquer homem do século XX. Há também antagonistas caricatos como o rei mouro que pretende ser o senhor de todos os reinos muçulmanos e é sempre representado de preto e com o rosto semicoberto. Mostra a ascenção de um rei Alfonso frágil e dependente de El Cid. Com todos esses elementos, temos um enredo que se distancia do histórico e nos aproxima do que idealizamos como sendo uma época heroica e romântica, onde o antagonismo entre o bem e o mal era bem definido. Onde a prevalência da honra e da moral deve ser o objetivo final.
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Fontes:
- Cantar de Mio Cid - PDF domínio Público disponível em: http://www.biblioteca.org.ar/libros/200138.pdf. Acesso em: 20 de julho de 2017.
- Cantar de Mio Cid (POema de Mio Cid), audio libro - Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lA-_7U3pFxQ. Acesso em: 20 de Julho de 2017.
- El Cid. Direção: Anthony Mann. Produção: Samuel Bronston Productions em associação com Dear Film Production. Itália/EUA, 1961, cor, 182 min. Lançado por: Allied Artists Pictures Corporation.
- Montaner, A. El Cantar de Mio Cid. Real Academia Española. FUndación José Antonio de Castro, Madrid.
- Vernon Johns Society, The El Cid(1961). Disponível em: http://www.vernonjohns.org/snuffy1186/elcid.html. Acesso em: 20 de julho de 2017.
- André Stanley é escritor e professor de História, Inglês e Espanhol, autor do livro "O Cadáver", editor dos blogs: (Blog do André Stanley, Stanley Personal Teacher). Colaborador do site especializado em Heavy Metal Whiplash. Foi um dos membros fundadores da banda de Heavy Metal mineira Seven Keys. Também é fotógrafo e artista digital.
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