Imagem the man and the bridge-Stanley Creation |
Imagine se
temos que atravessar uma ponte de madeira antiga, daquelas que vemos nos filmes
de aventura como Indiana Jones ou Tomb Raider. O clichê hollywoodiano
estabeleceu um padrão para esse tipo de ponte, são construídas geralmente com
duas cordas ou mais em cada extremidade da ponte, ou somente vigas de madeira
se decompondo. A base da ponte, onde podemos caminhar, é construído com peças
de madeira. Como essas pontes são geralmente centenárias, as madeiras se
desprendem com o tempo e a ponte fica cheia de lacunas que obviamente eleva a
adrenalina de quem tenta atravessá-la.
Vamos
atravessar nossa ponte velha. Qual a melhor forma de atravessar essa ponte?
Claro que o quão longe das extremidades você puder ficar, melhor para você. Se
você permanecer por muito tempo na esquerda ou na direita mais próximo da queda
você estará. As madeiras que se desprenderam da ponte criaram lacunas no
caminho tanto da esquerda quanto da direita, portanto, você terá que usar de
sua sabedoria para pisar onde ainda há madeira para suportar seu peso.
Obviamente
que o centro do caminho também teve perda de madeira. Ou seja, em alguns
momentos você terá que se desviar pela esquerda ou pela direita, e sua decisão
será tomada simplesmente e de forma lógica, pelo lado onde estiver melhor para
você caminhar.
Podemos dizer
que é preferível caminhar sempre pelo centro da ponte, mas haverá situações
onde teremos que escolher o caminho da esquerda ou da direita, caso não
tenhamos nenhum apoio sólido no centro. Mas, mesmo assim isso ocorrerá somente
enquanto houver uma madeira forte o bastante para suportar nosso peso.
Se em algum
momento estivermos muito na extrema esquerda da ponte buscaremos intuitivamente
sempre voltar para o lado contrário, assim nossa travessia será mais segura. E
vice-versa, se eu estiver na extrema direita, a esquerda sempre parecerá mais
segura, mas somente nos sentiremos mais seguros nessa travessia, quando estivermos
caminhando no centro da ponte.
Notem que
essa travessia não é uma questão de defender um lado ou outro, mas sim uma
questão de qual lado me proporciona uma melhor solidez para me manter vivo. Em
um mundo onde as pontes eram novas e dispunham de todas as madeiras
necessárias, as pessoas que ali caminhavam, tinham o conforto de escolher um
lado, por maior conforto, comodidade ou simplesmente por preferência
supersticiosa, você encontravam solidez em qualquer ponto da ponte, mas hoje as
pontes estão em ruínas e não há um caminho sólido e contínuo para que você
consiga atravessá-la, mesmo que você ande por um tempo pelo centro, deveremos
eventualmente optar por um dos lados para nos manter caminhando.
Não há uma
questão moral em se posicionar mais à esquerda ou mais à direita, é uma questão
de tomar a decisão mais sábia na hora de atravessar a ponte em ruínas.
Claro que
podemos concertar as lacunas das pontes para que ela se torne segura para você
caminhar sempre ao centro, mas remendos são sempre provisórios e podem causar
outros danos imprevistos. A solução seria construir pontes novas e mais
seguras, mas se isso for feito, a esquerda e direita da ponte ainda estarão
próximos da queda, e o centro será ainda o caminho mais sólido.
- André Stanley é escritor e professor de História, Inglês e Espanhol, autor do livro "O Cadáver", editor dos blogs: (Blog do André Stanley, Stanley Personal Teacher). Colaborador do site especializado em Heavy Metal Whiplash. Foi um dos membros fundadores da banda de Heavy Metal mineira Seven Keys. Também é fotógrafo e artista digital.
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