Imagem- Stanley Creation |
Hoje em dia parece até comum ver uma banda de
Heavy metal com vocal feminino, na verdade, de uma certa forma já até virou
moda. Por outro lado, acho que demorou muito para que a as mulheres adentrassem
à cena.
Para os detratores – velhos e atuais – dos vocais femininos no
Heavy Metal, as mulheres nunca passaram de simples adornos de palco. Veja as
bandas clássicas dos anos 80, um Blackie Lawless fazendo uma performance
bizarra com uma mulher nua no palco, os caras do KISS tirando uma casquinha de
umas boazudas durante o show, sem contar as letras de algumas músicas dessas
bandas que deixariam alguns fanqueiros com inveja.
Creio que o movimento chamado de “Glam Rock” que
tinha como representantes mais ilustres, o MOTLEY CRUE e o próprio KISS,
ilustra bem a utilização das mulheres como forma de atiçar os hormônios da
garotada nos anos 80s. No entanto, mesmo nessa época já podíamos ouvir uma voz
feminina ou outra que berrava em meio a enxurrada de trogloditas cabeludos.
DORO PESH, por exemplo, capitaneava a banda
alemã WARLOCK nos idos dos anos 80s, nessa época pode-se dizer que era um
grande feito, no entanto, a voz da vovó Dorothee (Este é o nome verdadeiro
dela) mesmo quando desfrutava de sua juventude, nunca soou suave e doce como se
espera geralmente da voz de uma mulher, mas sim como a de um brutamonte
afeminado. Alguns poderiam até não identificar se Doro era uma mulher tentando
ser um homem ou um homem que parecia uma mulher. – Eu mesmo me recordo de quando
peguei um disco do WARLOCK em minhas mãos – em minha juventude – e ao olhar
apara a foto da banda, nem mesmo me atentei para o fato de que a vocalista era
uma mulher, pois todos os integrantes se vestiam como tal.
Aliás, como curiosidade, todos os caras do
“Glam Rock” tinham uma postura e um comportamento afeminado. Às vezes, pareciam
drag queens drogadas demais para notarem que usavam uma lingerie rasgada por
cima de uma calça de látex.
Durante toda década de 1980, outras vozes
femininas pululavam aqui e ali, JOAN JET, se sobressaia como guitarrista e
líder do THE RUNNUWAYS, até que com o fim da banda seguiu sua carreira também
como cantora. A outra guitarrista desta banda, LITA FORD, também decidiu
continuar em carreira solo e, gravou um álbum de Hard Rock de relativo sucesso.
Na Inglaterra, a banda feminina GIRLSCHOOL vinha ganhando reconhecimento com a
ajuda do pessoal do MOTORHEAD.
Mas foi somente no final dos anos 90s, grosso
modo, que as mulheres começaram a se mostrar como mulheres de verdade, muitas
vezes, usando sua voz suave e serena em um estilo que apregoava o peso e a
agressividade. Para os críticos desta nova leva de mulheres cantoras, eu só
tenho a dizer que, elas demoraram, mas chegaram. E chegaram, não para tirar o
peso e a agressividade do Metal, mas para enriquecer e dar mais contraste a este
estilo que sempre se pautou pela quebra de barreiras.
Um dos maiores críticos das mulheres rockeiras
certamente é Paul Stanley, aquele afeminado guitarrista e vocalista do KISS,
que certa vez disse. “Nunca pensei que alguém que não tenha saco pudesse fazer Rock
n’Roll.” Não sabemos se o Sr. Stanley está se rendendo ao boom das mulheres no
Rock de uma forma irônica, ou está fazendo uma dura crítica a esse fenômeno.
Se considerarmos o espaço que as mulheres têm
hoje dentro da cena, e o fato de o número de mulheres atuando como
protagonistas em suas bandas, escrevendo e criando coisas novas, é notório que
elas chegaram para conquistar seu lugar de direito dentro da cena e dar um
basta no machismo crônico que sempre dominou esse estilo.
- André Stanley é escritor e professor de História, Inglês e Espanhol, autor do livro "O Cadáver", editor dos blogs: (Blog do André Stanley, Stanley Personal Teacher). Colaborador do site especializado em Heavy Metal Whiplash. Foi um dos membros fundadores da banda de Heavy Metal mineira Seven Keys. Também é fotógrafo e artista digital.
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