quinta-feira, 19 de abril de 2018

Filme: Escola da Vida - Um diálogo raso entre abordagens de ensino.



Nome: Escola da Vida
Nome original: School of Life
Direção: William Dear
Ano de produção: 2005
País: Canadá/EUA


A rotina de uma escola muda completamente com a entrada de um novo professor de História. Sr. D, como ficará conhecido, contagiará a todos com sua metodologia de ensino. Com aulas mais dinâmicas e divertidas logo se torna o comentário da escola. Até mesmo seus colegas de trabalho irão se afeiçoar a ele. Apenas um dedicado professor de biologia não o verá com bons olhos.

Warner tem motivos para ver Sr. D com um certo desprezo, pois, ele é filho de uma lenda, um sujeito que ganhou o prêmio de professor do ano por 43 anos seguidos, e em decorrência de sua morte, escolhem um jovem e petulante professor para substitui-lo, Sr.D.

Warner está obstinado e tem pela frente a árdua tarefa de vencer Sr. D na corrida para levar o prêmio de professor do ano. Mas com seu método tradicional de aulas, será facilmente repudiado pelos alunos que o consideram, no mínimo, um chato. Esta disputa ainda se torna mais desfavorável para Warner quando o próprio filho é um fã declarado de Sr. D.

Esta é uma comédia que pega o espectador pela emoção. Há momentos onde as relações familiares se tornam o foco, principalmente na relação pai e filho, onde o pai desesperadamente tenta ser o melhor pai do mundo ao mesmo tempo, que tem como meta primordial, a conquista do prêmio que há 43 anos pertenceu a seu pai. Seu intuito é prejudicado quando não percebe ao ridículo que seu filho é obrigado a se submeter por esta brincadeirinha de seu pai.

A trama vai evoluindo de forma previsível e no decorrer dos acontecimentos, tudo que parecia que iria acontecer, realmente acontece, e no final quando um segredo do Sr. D é revelado todos choram muito e aprendem a lição.

Crítica:

Mais um filme que enfoca a relação professor aluno. Desta vez não está em foco, adolescentes rebeldes que marcaram clássicos como "Ao mestre com carinho" dentre outros. Desta vez o que conduz o filme é a disparidade entre dois métodos de ensino, que são encarnados na disputa entre dois professores.
Um privilegia o método tradicional onde o professor tem seu lugar bem definido na sala de aula, e o aluno tem seu lugar e seu tempo de falar controlados pelo professor. O outro, procura deixar o aluno a vontade e muda totalmente a estrutura física da sala de aula fazendo os alunos se sentarem em círculo deixando-os olhando uns nos olhos dos outros privilegiando também o contato bilateral entre eles. Apesar dos típicos clichês do cinema norte-americanos que acompanha todo o desenrolar da história, este filme é minimamente pertinente ao contestar a rigidez estrutural do sistema de ensino tradicional.

E, incorporado no personagem Mr. D, é exposta uma alternativa com mais dinamismo. Não fosse esta, uma forma eficaz na formação de indivíduos que se enquadram no grupo dos que sabem muito, certamente é muito eficaz na formação de indivíduos que sabem aprender por si próprios. Logicamente que tudo isto no filme é bastante limitado pelo enredo sentimental que foi criado.
O filme passa ileso pelas generalizações explícitas, como: "o cara só é um bom professor porque é jovem". Na verdade Sr. D está substituindo um velho professor que por 43 anos consecutivos foi considerado o melhor da escola. "História é uma matéria envolvente, todo professor de história é legal, os professores de biologia são muito chatos". A professora que substituiu Sr. D quando este estava doente era uma bruxa, já o professor Warner aderiu ao sistema de Sr. D.

O filme, no entanto, como todos os filmes que visam o público adolescente, deixa uma mensagem edificante, que é na verdade uma concepção clonada do filme "Sociedade dos poetas mortos": "Viva cada dia como se fosse o ultimo". Não é um filme contestador no sentido social por mostrar a visão de mundo de uma classe média americana já bem acomodada no seu espaço como cidadãos, sendo assim, é difícil de utilizar esta obra no intuito de se ter uma visão dinâmica da sociedade.

É, entretanto, um bom inicio de diálogo entre métodos de ensino divergentes, e além do mais um bom entretenimento.


André Stanley é escritor e professor de História, Inglês e Espanhol, autor do livro "O Cadáver", editor dos blogs: (Blog do André Stanley, Stanley Personal Teacher). Colaborador do site especializado em Heavy Metal Whiplash. Foi um dos membros fundadores da banda de Heavy Metal mineira Seven Keys. Também é fotógrafo e artista digital.

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