terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Arch Enemy: Treta com fotógrafo: Quem está certo?





Parece que o espírito natalino e o clima de renovação de fim de ano não trouxeram boas vibrações para a banda ARCH ENEMY. Os suecos, por meio de sua manager – e ex-vocalista – Angela Gossow, vêm sendo protagonistas de uma treta monumental nas últimas semanas. E tudo por causa de uma discussão, aparentemente banal, sobre direito de uso de imagens.
O fotógrafo de J. Salmeron que cobre eventos para o site “Metal Blast” compartilhou uma foto de sua autoria da vocalista Alissa White-Gluz em um festival na Holanda. Até aí tudo bem, mas parece que hoje você não pode dar um click sem gerar uma rede de danos a sua imagem.
A loja “Thunderball Clothing” especializada em roupas para o público, e principalmente para artistas, de Heavy Metal, compartilhou a foto de Salmeron em seu perfil no Instagram anunciando e agradecendo Alissa White-Gluz por usar suas roupas e assessórios feitos especialmente para ela. Aí começa a treta. O fotógrafo se sentiu lesado ao ver que sua imagem estava sendo usada comercialmente sem sua permissão por uma loja de roupas.
J. Salmeron, que também é advogado, decidiu entrar em contato com a loja para cobrar seus direitos, e disse até mesmo que não estava interessado em mover uma ação contra a banda ou contra a loja, apesar de ter esse direito, e que estava até mesmo disposto a liberar o uso da imagem mediante a doação de € 100 (cem Euros – cerca de 447 Reais) para a Dutch Cancer Foundation (Fundação do Câncer da Holanda). Uma instituição de caridade que cuida de doentes com câncer. O problema, no entanto, não acabou por aí.
Angela Gossow, ex-vocalista da banda e atual manager, emitiu uma nota repudiando a cobrança e decidiu banir o fotógrafo dos shows da banda, dizendo que ele não é mais bem-vindo aos shows do ARCH ENEMY. E que outras bandas certamente não gostariam de ver um fotógrafo por perto tentando capturar imagens que depois seriam cobradas.
Essa saga ainda não termina aqui, pois há ainda capítulos dramáticos a seguir. O fotógrafo, agora convertido em “Arqui-inimigo” (não podia deixar de usar esse trocadilho) da banda e de sua legião de fãs apaixonados decide ir para guerra. Ele usou sua influência jornalística e até gravou um vídeo intitulado “How I got Banned from Photographing Arch Enemy” (Como fui proibido de fotografar o Arch Enemy) que foi publicado no site da “Metal Blast” onde ele explica sua versão dos fatos para os leitores (pode ser visto no Youtube).
Um outro capítulo dessa novela mexicana veio à tona essa semana quando Marta Gabriel, proprietária da loja Thunderball Clothinng, anunciou em seu site oficial que estava fechando as portas de seu negócio devido as várias manifestações de ódio que vinha recebendo via comentários por conta do episódio ocorrido entre a banda ARCH ENEMY e o fotógrafo J. Salmeron.
Ufa, creio que até o momento isso é tudo, mas acho que teremos outros capítulos desta saga em breve. A questão é que uma simples discussão por direito de uso comercial de uma imagem se tornou uma briga de egos. Quem está certo nesta história?
Não há dúvidas que juridicamente o fotógrafo está bem amparado. Ele é o dono dos direitos autorais da “famigerada” foto e, portanto, ninguém poderá usá-la com o intuito de ganhar dinheiro direta ou indiretamente sem o seu consentimento. Casos assim nos leva a refletir sobre como estão os direitos de usos de imagens hoje em dia. Tudo deve ser feito por meio de contratos assinados por ambas as partes, e mesmo assim, ainda temos casos de pessoas de má-fé que usam seus conhecimentos jurídicos para lucrar.
Não foi o caso do fotógrafo J. Salmeron, que estava disposto a liberar o uso de sua foto por meio de uma doação que iria para uma instituição de caridade. Não temos condições de julgar se esse ato é realmente uma prova de altruísmo do fotógrafo ou simplesmente vaidade pessoal, mas, o que não consigo concordar – e olha que quem vos escreve é um grande fã do ARCH ENEMY – com a recusa da banda em aceitar a proposta do cara. Afinal com € 100 tudo estaria resolvido.
Esta briga de narrativas está oxigenando os bastidores da cena nos últimos dias e de certa forma, mostrou que a internet realmente deu voz aos idiotas – como diria Umberto Eco. O efeito mais crítico dessa briga de Egos sãos as ameaças feitas pelos fãs mais ardorosos do ARCH ENEMY ao fotógrafo que vem sofrendo até ameaças de morte, segundo o próprio e, por outro lado, a avalanche de comentários de ódio recebidos pela proprietária da loja Thunderball Clothing que foi o motivo alegado por ela para encerrar seu negócio.
Ainda acho que a loja Thunderball Clothing volte a ativa novamente após a poeira baixar, com todo aparato necessário para que a empresa desfrute de sua popularidade após estes eventos e tenha um crescimento considerável em suas vendas, e não me custa acreditar que tudo isso não passe de uma bela de uma jogada de marketing. Afinal não é muito comum empresas que praticam grande parte de seus negócios na internet fechem, por uma simples onda de comentários negativos recebidos mediante um fato isolado. Mas para sabermos mais a respeito deveremos esperar pelos próximos capítulos. Até lá.

Fontes.



André Stanley é escritor e professor de História, Inglês e Espanhol, autor do livro "O Cadáver", editor dos blogs: (Blog do André Stanley, Stanley Personal Teacher). Colaborador do site especializado em Heavy Metal Whiplash. Foi um dos membros fundadores da banda de Heavy Metal mineira Seven Keys. Também é fotógrafo e artista digital.

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