terça-feira, 4 de junho de 2013

Professor é demitido por recusar usar elementos doutrinários em suas aulas, é reacende debate sobre o ensino religioso nas escolas.



A demissão de um professor de história em uma escola no Grande do Sul, reacende o debate sobre o ensino religioso. A lei de diretrizes e base (LDB) em seu artigo 33 diz que é facultativo o ensino religioso nas escolas tanto publicas quanto privadas, contanto que não seja imposta nenhuma doutrina em detrimento de outra, já que o Brasil é um país com liberdade de culto. No entanto, as escolas confessionais – que é o caso aqui – têm autonomia para dar mais ênfase à religião que professam em seu projeto pedagógico. 

Giovanni Biazzetto dava aulas no colégio La Salle Pão dos Pobres, em Porto Alegre, há cinco anos e no dia 17 de Maio desse ano, foi demitido. Segundo a assessoria de comunicação da rede La Salle Porto Alegre, o professor foi demitido devido a “uma questão técnico-pedagógica”. Biazzetto, entretanto disse que nunca recebeu nenhuma advertência anteriormente. "Minhas aulas sempre foram estruturadas no debate, na leitura e na escrita. Isso sem contar os projetos educacionais que criamos no colégio e que estão em andamento desde 2010”. Ele ainda diz que: “Em nenhum momento me disseram que eu deveria dar uma aula com doutrina religiosa. Agora imagina que coerção é para um professor que não tem aquela crença escutar o diretor dizer: ‘todos vocês têm que falar sobre os dons do Espírito Santo em sala de aula.”

Ao menos uma de suas colegas de trabalho da professora de filosofia do colégio, Gabriela Bercht, que decidiu pedir demissão em solidadriedade a Biazzetto também criticou a postura do novo diretor da escola. “A escola foi se tornando um lugar mais conservador em todos os sentidos. Nossa autonomia como professor vinha sendo limitada, o que torna nosso trabalho quase impossível,” disse Bercht.

Parece que o professor Giovanni vem tendo apoio de diversos alunos e pais de alunos que protestaram em frente a escola contra a demissão. Segundo reportagem do site TERRA uma das mães que não quis se identificar disse que o grupo que vinha apoiado o professor Giovanni vinha sofrendo ameaças por parte da diretoria a perder suas bolsas escolares. O que gerou um denuncia no conselho Tutelar contra a escola. 

Leia reportagem no site TERRA


Um comentário:

  1. Minha opinião:



    A LDB é muito clara a esse respeito. Toda escola tem a liberdade de aplicar o chamado ensino religioso ou não. É facultativo. No entanto também é vetado o doutrinamento religioso do aluno na escola. Não cabe ao sistema educacional de um país democrático dizer qual é a melhor religião a seguir. No entanto existem instituições claramente mantidas por certos seguimentos religiosas, as chamadas escolas vocacionais, temos escolas católicas, adventistas, espíritas e de tantas outras religiões que existem no país, e essas escolas apesar de também não poderem usar de proselitismo para doutrinar seus alunos, podem dar uma maior ênfase no ensino de sua religião. Creio que até aqui tudo bem. Eu não vejo nada errado em uma escola católica ensinar conceitos católicos em sua escola, contanto que isso fique bem claro para os pais que irão matricular seus filhos lá. Um budista não matricularia seu ilho em uma escola que fosse claramente judia,por exemplo, ou vice-versa. O problema é quando isso não fica explícito. Se você matricula seu filho em uma escola, em alguns casos você corre o risco de jogá-lo em um mecanismo de lavagem cerebral que pode tirar toda a capacidade de pensamento critico desse individuo, o que seria totalmente o inverso do que uma educação de qualidade deveria fazer, que é implantar o pensamento crítico, dando ao indivíduo a capacidade de tomar suas próprias decisões baseados em argumentos que ele pode colocar em cheque em relação as suas próprias crenças e chegar a uma conclusão coerente com a realidade em que ele vive e de acordo com a sociedade em que vive.



    Não sei se o professor Giovanni foi injustiçado, parece que a escola em questão é uma escola fundamentalmente religiosa. Talvez ele fique mais feliz e satisfeito de trabalhar em uma instituição explicitamente laica. Óbvio que para um professor de história trabalhar com conceitos religiosos de forma a dizer que são verdadeiros, em detrimento de outros conceitos que obviamente seriam julgados falsos, é o mesmo que dizer a um soldado do copo de bombeiros que ele deve salvar somente determinado tipo de pessoas,pois as outras não aceitaram a verdade. Eu como professor de história sei muito bem o que trabalhar engessando e é uma situação muito desgastante e desconfortável. Eu me solidarizo com o professor Giovanni, mas fica a dica aos pais que procuram um ensino de qualidade a seus filhos, não os coloque em um ligar onde serão doutrinado em determinado seguimento social, ou religioso, que seja, mesmo que seja o seu próprio estrato religioso. Isso seria desonesto e injusto com eles e a geração que eles construirão no futuro.

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