segunda-feira, 6 de maio de 2013

Freud ainda explica?

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Dia 06 de Maio de 1856 nascia Sigmund Freud o grande idealizador e criador da psicanálise. Uma forma de intervenção que visa, sobretudo, descobrir através da conversa entre paciente e analista uma forma de analisar o comportamento desse indivíduo para que sua vida psicológica seja mais suportável. Há quem diga que essa é a melhor profissão do mundo, afinal,  psicanalistas ganham dinheiro conversando com pessoas, ouvindo seus podres e intervindo minimamente. Talvez por isso, as mulheres formam quase 90% da Psicologia brasileira .

Que outra criatura sobre a terra tem um dom tão apurado na arte de bater um bom papo?  Em meio discussões sobre a aplicabilidade da psicanálise hoje em dia, há obviamente aqueles que se desvincularam totalmente das práticas freudianas, e outros que ainda o seguem firmemente, as vezes, cegamente.

O que há de se considerar é que a sociedade atual, que muitos batizam de pós modernidade, vem derrubando uma série de instituições que eram muito poderosas na época em que Freud elaborou sua teoria psicanalítica. Temos que lembrar que no final do século IX tínhamos uma sociedade em transformação. Economicamente o capitalismo consolidava seu poder, e por isso criou as bases históricas necessárias para as chamadas “revoluções socialistas” que ocorreram em diversas partes do mundo durante o século XX. E no campo social devemos lembrar que Freud viveu em uma sociedade que exercia uma forte pressão sobre o comportamento sexual das pessoas (Leiamais).

Talvez hoje na nossa sociedade, que em grande parte, vive sob o jugo do “neoliberalismo” e que vem enfrentando um processo de globalização agressivo, as neuroses que Freud identificava em seus pacientes e principalmente suas pacientes neuróticas, devido à repressão sexual que sofriam, não seja mais tão recorrente, no entanto novos desafios surgem no campo da psicologia.

São desafios que a metodologia Freudiana também deve enfrentar. Com o avanço da psiquiatria e com desenvolvimento de novas e mais eficientes drogas para aliviar tensões comportamentais, a psicanálise de Freud vem sendo relegada por muitos ao campo da filosofia. Se podemos resolver problemas de depressão e ansiedade – muito recorrentes e em crescimento hoje em dia – com intervenção medicamentosa, não seria coerente ficar uma hora despejando seus podres nos ouvidos de uma psicóloga e ainda gastar uma boa grana com isso. Mas claro que os tempos são outros, mas os problemas e questionamentos existências continuam a nos perseguir, talvez um remédio pode causar tanto alivio a uma pessoa que ela não será capaz de resolver suas pendengas mentais e fatalmente será inclusa na grande massa de pessoas que caminham cegamente em direção a uma felicidade sintética criada por uma sociedade que não tem tempo de parar e pensar no que está fazendo de sua vida.

Em algum momento estaremos sentados em uma cadeira de um escritório despachando documentos nos sentindo a pessoa mais feliz do mundo, e seremos incapazes de nos questionar sobre o objetivo de nossas ações. Como ouvi certa vez alguém comparar Freud com um grande inventor brasileiro. O fato de eu viajar de avião o tempo todo me faz lembrar que Santos Dumont tem uma grande importância para aviação, no entanto, eu nunca teria coragem de subir a bordo do seu 14 bis.

Creio que esse exemplo, um pouco extremizado, pode ser usado, já que as obras de Freud foram escritas em um contexto histórico totalmente diferente do atual. No entanto, sua importância ainda é inegável. Freud está hoje no inconsciente coletivo, quando uma pessoa comete um ato falho durante uma conversa já conseguimos levar em consideração a possibilidade de o ato falho ser realmente o que a pessoa queria dizer. Isso é ter uma postura Freudiana diante da vida. Não sou a favor do masoquismo psicológico, se sofremos e temos remédios que atenuem esse sofrimento, que os usemos, mas nunca ao ponto de perder a oportunidade de tirar algum proveito desse sofrimento.



André Stanley é escritor e professor de História, Inglês e Espanhol, autor do livro "O Cadáver", editor dos blogs: (Blog do André Stanley, Stanley Personal Teacher). Colaborador do site especializado em Heavy Metal Whiplash. Foi um dos membros fundadores da banda de Heavy Metal mineira Seven Keys. Também é fotógrafo e artista digital.

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