Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo |
O Brasil está doente. Enfrenta uma epidemia de falácias, insensatez,
anticientificismo, desespero diante da realidade objetiva e agora o agravamento
de uma pandemia de Coronavírus.
O
Brasil chegou a um estado esquizofrênico e irracional que pode, em pleno século
XXI, nos levar a ter que enfrentar os mesmos flagelos de uma Idade Média que -
julgávamos o período mais sombrio da História da humanidade - como o domínio da
Igreja sobre o Estado (ou o chefe de "Estado", reino, etc"),
desprezo às descobertas científicas, uso de medidas supersticiosas para combater
um vírus mortal - com o agravante de que durante a epidemia da peste bubônica –
Século XIV – não dispúnhamos das mesma
tecnologia e conhecimento sobre viroses que temos hoje, nem mesmo sabíamos o
que era um vírus.
Ou seja, em um momento da História onde sabemos a causa, a forma de contágio, somos capazes de contabilizar os infectados e os mortos, sabemos até mesmo como evitar a circulação do vírus, ainda assim negamos a eficiência da ciência e jogamos nossas vidas nas mãos de líderes psicopatas.
Ou seja, em um momento da História onde sabemos a causa, a forma de contágio, somos capazes de contabilizar os infectados e os mortos, sabemos até mesmo como evitar a circulação do vírus, ainda assim negamos a eficiência da ciência e jogamos nossas vidas nas mãos de líderes psicopatas.
O grau
de insanidade está chegando a níveis alarmantes. É preocupante notar que em um
momento tão ímpar como esse as pessoas preguem que o simples pensar positivo, a
oração, o sacrifício físico, a abstinência ou o jejum sejam eficientes ao ponto
de curar é até mesmo de impedir que a pessoa contraia um vírus novo, que ninguém
havia, até então, desenvolvido algum tipo de anticorpo contra.
A
interferência da religião na política é muito eficiente. Afinal ninguém irá
questionar a idoneidade de seu pastor, seu padre, seu guru espiritual, seu
coach quântico. Justamente por isso é perigosa. Desfigura o Estado laico, impõe
os interesses - geralmente financeiros - de alguns líderes espirituais como se fosse o interesse de uma
categoria. No entanto, o mais nocivo é o negacionismo científico e a
desautorização das recomendações daqueles que por obrigação devem permanecer
lúcidos em meio à essa guerra de narrativas.
No
final, quem nos socorrerá das epidemias e das mazelas impostas pelo
autoritarismo será a ciência através de seus erros e acertos amparada pela
prudência e pelo bom senso. Sempre será assim, um eficaz cirurgião nunca é
exaltado pelos anos de estudo e apuramento de sua técnica, quando salva a vida
de um doente agonizante, no máximo como um instrumento de deus que através das
orações alheias curou o doente. E assim caminha nossa pátria, sendo desfigurada
pelo ódio que aos olhos de um guru espiritual é "amor", demonstrando
a cegueira moral em que as religiões - sim todas - estão imersas.
O
simples pensar positivo e tapar os olhos para dados reais, não ajudam em nada,
além demonstrar serem medidas de extremo egoísmo. Afinal, a oração nada mais é
do que um placebo emocional que o permite seguir em frente negando a realidade.
No entanto, tem um efeito colateral
destrutivo. Pois negando os fatos você coloca toda sua comunidade em perigo, pois
o fato de você crer fielmente na sua oração não fará com que a doença desapareça,
assim como sempre houve orações para os famintos na África e os números de
mortos pela forme, pela guerra e por doenças diversas nunca pararam de
crescer.
O que
faz realmente diferença é reconhecer que FUDEU TUDO e partir para guerra com
todas as forças, fazer jejum, macumba,
mapa astral ou correntes de whatsapp em momentos de crises reais, ao contrário
do que você pensa, é sinal de demência, não de sensatez.
André Stanley é escritor e professor de História, Inglês e Espanhol, autor do livro "O Cadáver", editor dos blogs: (Blog do André Stanley, Stanley Personal Teacher). Colaborador do site especializado em Heavy Metal Whiplash. Foi um dos membros fundadores da banda de Heavy Metal mineira Seven Keys. Também é fotógrafo e artista digital.
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