sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A nova idade da pedra: Por Bill Maher

Incentivo econômico para legalizar a maconha e a falha na guerra contra as drogas produziu um mar de mudanças na America que veio para ficar.


Este é um novo mundo maconheiro. Até bem recentemente, mesmo um ano atrás, eu não teria adivinhado que estaríamos onde estamos agora – com 18 estados legalizando a maconha para fins medicinais, de acordo com uma pesquisa recente, uma porcentagem crescente de 85 por cento de pessoas apoiam o uso medicinal da planta. Para todo nosso rancor político, isto se é fato, algo que ultimamente nos une é o baseado. A maconha é uma das poucas coisa que tanto os caipiras quanto os hippies gostam. Rapers fumam maconha, e artistas do interior também fumam. Tem tanta maconha no ônibus da turnê do Willie Nelson quanto no ônibus do Snoop Dogg. A maconha está unindo a divisão do azul e do vermelho e transformando em roxo. 

Para aqueles que temem que nos tornemos uma nação que senta no sofá comendo Cheetos o dia todo, relaxa. Fumar maconha não é o mesmo que preguiça. A maconha era algo que eu sempre pude justificar porque ela excita o meu cérebro. Algumas pessoas a usam para dormir, outras ela deixa paranoico. Alguns ela deixa criativo, e nós somos os sortudos, porque se ela fez algum dano em nós, ao menos temos a receita. Eu tenho um monte de boas idéias por conta da maconha. Incluindo fumar mais maconha.

Legalização é um daqueles assuntos, como o casamento gay, que deixa o pessoal do “saquinho de chá” - possível referencia ao "Tea Party" - doidos. Aquela imagem em preto e branco do seriado de TV “Leave It the Beaver” que Mitt Romney se encaixa tão bem está saindo de cena. Bill Clinton disse certa vez “Se você olhar para trás, no anos 60 e achar que tinha mais coisas legais do que danosas, você é provavelmente um democrata. Se você achar que tinha mais danos do que coisas boas, você é provavelmente um republicano.” Bem, para aquelas pessoas que adoram os anos 50, o baseado desempenhou um papel muito importante na revolução cultural que eles detestam.

Os republicanos sempre foram uma aliança complicada de um estranho Jesus, aficionados por armas, moradores de subúrbios obesos e super ricos, mas o que os cega é essa ideia de que a vida era perfeita na Appleton de 1958. Tão logo o presidente Obama foi eleito, esse visual do cara negro que gostava de fumar maconha caminhando pela casa branca era demais. Sempre que você ouve eles dizer: “Eu quero meu país de volta” – de quem ou do que? Por acaso fomos invadidos pelos negronianos? Eles podem querer ele de volta, mas aquela America já se foi para sempre.

Claro que há um grande incentivo econômico para legalizar a maconha. Mais de uma década atrás, havia um condado na Georgia onde as pessoas demitiram seu xerife porque ele estava destruindo os plantadores de maconha. A safra era sua alma, então eles se livravam dos valentões e elogiaram outro xerife que se comprometera em atender suas necessidades. Esse é o tipo de mudança que está acontecendo na America nesse momento. Se 40 anos de falhas na guerra contra as drogas nos ensinaram algo, é que a clientela é muito vasta forte e leal. Como em tudo nesse mundo, o dinheiro fala mais alto. E dinheiro está ai para ser ganho. Não há volta. Atingimos o ponto mais agudo da questão, a marijuana legalizada veio para ficar - é apenas uma questão de quão rápido isso irá acontecer por todo o país. 



Este artigo é da edição da revista Rolling Stone de 20 de junho de 2013, traduzido por André Stanley.

June 10, 2013 6:00 AM ET


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